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Realismo mágico “ciociaro” de Giulia Mangoni chega a Brasília

Um jovem em crise em uma encruzilhada existencial: este é o protagonista da obra de Giulia Magoni, “L’incrocio di Vallefredda”, peça central e itinerante da mostra de arte contemporânea de artistas menores de 35 anos, “Pittura Italiana Oggi”, promovida pelo Ministério das Relações Exteriores da Itália, concebida pela Triennale de Milão, realizada com a coordenação da Embaixada da Itália no Brasil e hospedada no icônico Museu Nacional da República, em Brasília, até 22 de fevereiro.

Em cada etapa da exposição, que já passou por Buenos Aires, a pintora cria um contexto diferente, ligado ao ambiente onde se encontra e no qual insere sua pintura, em uma jornada experiencial que também a levará ao Rio de Janeiro no próximo ano e, posteriormente, à Cidade do México.

“A obra se concentra na energia simbólica da encruzilhada: neste espaço imaginário, abrem-se múltiplos destinos, as sliding doors, representadas por animais totêmicos que sugerem diferentes caminhos.

No centro, um jovem enfrenta as decisões de sua vida, enquanto no canto inferior direito, a imagem de um idoso se torna um presságio das consequências de uma escolha errada”, explica Mangoni à agência Ansa.

O protagonista da pintura vive em uma terra de fronteira entre a Úmbria e o Lazio, na região da Ciociaria, onde a artista ítalo-brasileira escolheu viver: um lugar ao qual Mangoni restitui, assim, uma poética e uma identidade, em um diálogo com o realismo mágico sul-americano.

“Na criação da obra para a etapa da capital brasileira, fui profundamente influenciada pelas músicas do Nordeste, o forró e o frevo, pela história dos cangaceiros – os bandidos do sertão -, mas também pela estética dos spaghetti westerns, filmados na própria Ciociaria, mas frequentemente ambientados, narrativamente, no México ou em terras remotas da América do Sul”, relata a artista.

“Para ‘L’Incrocio di Vallefredda’, nascida originalmente para a mostra Un Letto di Frasche [ArtNoble Gallery, Milão, 2024], tentei imaginar um cowboy ciociaro, associando-o à figura do bandido do sul da Itália do século 19, um possível cowboy número zero. Assim, investiguei como o faroeste constrói uma ficção sobre a masculinidade e o confronto com a fronteira e com o outro, evocando também reflexões sobre a colonização, sobre as relações de poder entre o homem, a natureza e os povos que habitavam as Américas muito antes da chegada do homem branco”, acrescenta.

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