
Criminosos invadiram o Museu do Louvre, em Paris, e roubaram joias históricas da monarquia francesa, mais de um século depois do roubo de uma de suas obras mais famosas: a Mona Lisa, do gênio renascentista Leonardo Da Vinci (1452-1519).
O crime ocorrido entre os dias 21 e 22 de agosto de 1911 foi considerado um dos episódios mais ousados e emblemáticos da história da arte: em meio ao silêncio da madrugada, enquanto o museu permanecia fechado para manutenção, o retrato mais famoso do mundo desapareceu misteriosamente do Salon Carré.
Este foi o início do roubo que chocou o mundo e deixou o museu no centro de uma investigação internacional. O italiano Vincenzo Peruggia, um pintor de paredes de Dumenza, na província de Varese, foi o responsável pelo crime.
Convencido — erroneamente — de que a pintura havia sido roubada por Napoleão e determinado a “trazê-la de volta para a Itália”, ele elaborou um plano tão simples quanto ousado: trabalhando para a empresa responsável pela manutenção do museu, ele conhecia os hábitos e as medidas de segurança da equipe. Naquele dia, retirou o painel da moldura, escondeu-o sob o casaco e desapareceu sem levantar suspeitas.
O desaparecimento só foi notado no dia seguinte. Inicialmente, as pessoas pensaram que se tratava de um erro de inventário ou de um empréstimo não registrado – suposições que logo deram lugar ao choque da realidade: a obra-prima de Leonardo da Vinci havia sido roubada.
A investigação, que durou mais de dois anos, também envolveu figuras importantes da vanguarda cultural, como Guillaume Apollinaire e Pablo Picasso, ambos suspeitos e posteriormente inocentados.
O desfecho veio em dezembro de 1913, quando Peruggia, de volta à Itália, tentou vender a pintura ao antiquário florentino Alfredo Geri, impondo uma condição: que a obra permanecesse em solo italiano.
Geri, desconfiado, marcou um encontro com o diretor das Galerias Uffizi, Giovanni Poggi. Juntos, foram ao quarto de hotel onde Peruggia escondia a pintura e reconheceram a autenticidade da obra. Na sequência, acionaram a polícia, que prendeu Peruggia e recuperou a Mona Lisa.
Antes de retornar a Paris, a obra-prima de Da Vinci foi exibida brevemente em Florença e em outros museus italianos. Em janeiro de 1914, retornou ao Louvre, onde foi recebida com entusiasmo por uma multidão comovida.
O roubo da Mona Lisa permanece como um marco na história da arte e da segurança museológica. Este episódio não é o único na história de roubos no museu parisiense, que hoje abriga mais de 33 mil obras-primas: em 1983, duas armaduras renascentistas foram roubadas e recuperadas apenas 40 anos depois.