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Sergio Mattarella é eleito o novo presidente da República da Itália

O juiz da Corte Constitucional, de 73 anos, foi eleito para ser o novo presidente da República da Itália, em mais uma vitória política do primeiro-ministro Matteo Renzi.

O novo presidente da República nasceu em Palermo, é viúvo e tem três filhos. Seu irmão mais velho, Piersanti Mattarella, também um político de orientação democrata-cristã, foi assassinado pela Cosa Nostra em 1980, quando era governador da Sicília, por ter contrariado interesses dos mafiosos.

Na quarta votação em sessão conjunta do Parlamento para escolher o próximo chefe de Estado do país, o magistrado conseguiu superar com folga a maioria simples de 505 votos, de um total de 1.009. Seu nome é uma indicação do premier, que queria uma pessoa capaz de atingir o maior consenso possível e unir a até então dividida centro-esquerda italiana.

O Partido Democrático (PD), liderado por Renzi, havia votado em branco nos três primeiros escrutínios – quando o quorum mínimo para ser eleito era de 673 votos – para preservar o nome de Mattarella para o sufrágio deste sábado.

"Meu pensamento vai, sobretudo e acima de tudo, para as dificuldades e esperanças dos nossos concidadãos. Isso basta", disse o magistrado após receber da presidente da Câmara dos Deputados, Laura Boldrini, a comunicação oficial de sua eleição.

Ligado à legenda centro-esquerdista e com origens na democracia cristã, o juiz já foi ministro para as Relações com o Parlamento (1987-1989), da Educação (1989-1990) e da Defesa (1999-2001). Em 2011, foi nomeado pelo Congresso para integrar a Corte Constitucional da Itália, posto que ocupa até hoje.

Sua trajetória política também foi permeada por desavenças com o ex-premier Silvio Berlusconi, que não gostou da indicação de Renzi e orientou seu partido, o Forza Italia (FI), a votar em branco no quarto sufrágio para ver se o PD conseguiria elegê-lo sozinho.

Aliás, o senador cassado é tido como um dos grandes derrotados desse pleito. Durante todo o seu ano inicial de mandato, o atual primeiro-ministro manteve com Berlusconi um acordo em torno de algumas de suas principais reformas, como a eleitoral, apesar de serem adversários políticos. O acerto era chamado de "Pacto de Nazareno", uma referência à rua onde fica a sede do Partido Democrático, em Roma.

Nesse período, Renzi foi bastante criticado, inclusive por uma facção do PD, por negociar com o ex-premier e definir junto com ele projetos essenciais para a nação. O medo era de que o acordo entre os dois envolvesse também a nomeação para a Presidência, com a indicação de um nome que desse salvaguarda a Berlusconi, ainda envolvido em problemas jurídicos.

Esse temor se reforçou quando, no início de janeiro, o Forza Italia foi essencial para o governo aprovar sua reforma eleitoral. No entanto, logo depois Renzi indicou o nome de Mattarella, desafeto do senador cassado, que chegou a acusar o chefe de governo de traição.

O magistrado irá suceder Giorgio Napolitano (2006-2015), que renunciou no dia 14 de janeiro, aos 89 anos, devido à idade avançada. Seu mandato vai até 2022.


Votação

Ao todo, Sergio Mattarella recebeu 665 votos no Parlamento, de um total de 1.009. Em seguida, aparecem o também juiz Ferdinando Imposimato (127), apoiado pelo oposicionista Movimento 5 Estrelas (M5S), e o jornalista e escritor Vittorio Feltri (46), sustentado pela legenda de extrema-direita Liga Norte.

Além disso, 105 parlamentares votaram em branco, já que o ex-premier Silvio Berlusconi orientou o FI a se posicionar desta maneira. Os votos restantes ficaram distribuídos entre vários candidatos ou foram anulados.

 

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