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Museu do RS que reúne acervo da benemérita italiana Lydia Moschetti completa 40 anos

O Museu Municipal Casal Moschetti, em Farroupilha no Rio Grande do Sul, completou, 40 anos de fundação. Localizado na Rua Rui Barbosa, 49, no centro da cidade, a instituição preserva pertences da italiana Lydia Giannoni Moschetti, que doou seu acervo por afeição ao município, considerado berço da imigração italiana no Rio Grande do Sul.

Coleção de pratarias, porcelanas, objetos em mármore, móveis trabalhados à mão, cristais, livros e quadros compõem o acervo do museu.

Lydia residia em Porto Alegre, foi casada com Luiz Moschetti, entre suas paixões estava o teatro, o canto lírico, além da literatura, sendo que foi autora de diversos romances, obras estas que estão expostas no museu para apreciação do público.

O Museu Casal MOschetti é coordenado pela Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto e atende de segunda a sexta-feira, das 11h às 17h. A entrada é gratuita.

Lydia Giannoni Moschetti, a Dama da Bondade

Lydia Moschetti nasceu em Fuccheio, na Toscana, em 12 de outubro de 1888. Vítima de uma trombose cerebral, faleceu em 5 de agosto de 1982, aos 94 anos de idade, no Hospital Banco de Olhos, onde residia há quatro anos – instituição fundada por ela -, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Foi fundadora dos Escoteiros, do Círculo Operário (1938); da Casa do Pequeno Jornaleiro (1939); da Sopa Escolar (1940); da escola profissionalizante para cegos Instituto Santa Luzia (1941); dos Escoteiros e Bandeirantes (1941); do Educandário São Luiz (1947); do Educandário Dom Luiz Guanella; da Fundação pela Mãe e pela Criança (1955), em Capão da Canoa; do Hospital Banco de Olhos (1956), o primeiro do gênero no Brasil – também criado em São Leopoldo e Curitiba – e do Lar do Bebê – Pupileria (1963).

Ela também foi co-fundadora da Pequena Cruzada (1935); da Creche Navegantes (1935); do Amparo Santa Cruz, do Leprosário Itapoá e do Sanatório Belém. Organizou o Natal do Guarda de Trânsito (1935), do Natal da Criança Pobre, do ambulatório Casa N. S. Medianeira (1940), da Sopa para os Tuberculosos da Santa Casa (1937), do Almoço dos Mendigos do Asilo Padre Cacique e do Almoço para 200 Crianças do Mato Sampaio.

Os títulos honorários recebidos por Lydia Moschetti, ao longo de sua vida, tomariam, aqui, várias páginas. Entre eles está o diploma de Cidadã Honorária de Porto Alegre, recebido em 9 de setembro de 1967, das mãos do então presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Adaury Pinto Filipe, oferecido pelo então prefeito Leonel de Moura Brizola.

Mas além da Lydia Moschetti benemérita e agraciada, foi romancista e poetisa, fundadora da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul (1943); membro da Sociedade Homens de Letras do Brasil (RJ); membro da Associação Brasileira de Escritores de São Paulo, e da Academia de Cultura Romana (Roma), entre outras. É autora das seguintes obras: A Sobrinha do Cardeal (1940), A vida é um ponto de “?” (1941), Um Baile uma Vida (1944), No Altar da Caridade (1946), A Morte das Ilusões (1948), Poesias Esparsas (1969), Conferência sobre as Sanções Italianas (1935), Delinqüência Infantil e sua Recuperação (1955), Catálogo da Grande Exposição de Escritores e Poetas das Américas e Europa; e Autobiografia (1969).

Lydia Moschetti foi criada num lar marcado pela pobreza e cercado por conflitos familiares, e desde cedo decidiu “ser alguém na vida”. De temperamento forte, libertário, foi internada, ainda criança, numa instituição de freiras – para que seu “espírito” fosse domado. Lá, foi discriminada e sofreu perseguições. Mas a sua capacidade intelectual e o seu gosto pelos estudos permitiram que ela não sucumbisse às tentativas de aniquilamento moral.

No Brasil, aonde chegou em 1907, com 19 anos, na companhia da mãe e dos irmãos, encontrou outros desafios: uma moça atraente, sozinha em São Paulo – a família ficara em Santos – muitas vezes foi interpretada como uma “leviana” em busca de aventuras. Após passar por muitas dificuldades, encontrou algumas colocações: foi professora, tradutora, escritora, dama de companhia, até tornar-se cantora lírica. O talento para a música a levou excursionar por todo o Brasil e países da América Latina.

Ao término das apresentações, era comum a cantora Lydia Moschetti receber, em seu camarim, presentes de admiradores – que não costumava aceitar. E numa dessas situações, conheceu Luis Moschetti, com quem se casou em 1921, na Igreja das Dores, em Porto Alegre.

Nos seus primeiros anos de casada, voltou a se encontrar com sua velha conhecida: a discriminação. Lydia Moschetti não era aceita na sociedade da época por ter sido cantora.

Mas Lydia Moschetti sabia superar. Uma frase, várias vezes citadas, em sua autobiografia, está “A vida não é para ser vivida, é para ser vencida”.

E Lydia Moschetti venceu. Trabalhando arduamente ao lado do marido, construiu um patrimônio que permitiu a realização do seu grande sonho: ajudar ao próximo. A inteligência, o caráter e a bondade de Dna.Lydia, como por muitos era chamada, são, ainda hoje, lembrados por aqueles que a conheceram.

Inquieta com o sofrimento alheio, Lydia Moschetti foi assim até os últimos anos de sua vida. Ajudou a muitos, mas morreu só. (Oriundi)

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