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Em carta a ministros do Supremo Tribunal Federal, Cesare Battisti apresenta sua defesa

Uma longa carta atribuída ao ex-ativista político Cesare Battisti foi encaminhada aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), rebatendo os argumentos das acusações de assassinato às quais ele responde na Itália. Ao longo de 19 páginas, Battisti descreve como entrou na militância comunista e faz sua defesa, ressaltando não ter tido a possibilidade de fazê-lo em seu país de origem.

A carta foi lida pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) no plenário do Senado.

Após relatar sua versão sobre os quatro homicídios pelos quais é acusado, ele diz estar disposto a confirmar pessoalmente perante os ministros seus argumentos. "Assim como estou disposto a afirmar aos familiares das quatro vítimas, olho no olho, que não matei seus entes queridos".

"Sobre a minha vida e sobre a minha honra posso afirmar que lutei sempre contra as ofensas físicas durante a revolta italiana e que nunca atentei contra a vida das pessoas", acrescentou.

Eduardo Suplicy (PT-SP)encaminhou o texto ao presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, junto com a carta escrita por Battisti no último dia 18, dirigida ao povo italiano e ao povo brasileiro.

 

O STF deve julgar em março o pedido de extradição movido pelo governo italiano, que contesta a decisão do ministro Tarso Genro (Justiça) de conceder refúgio político no Brasil ao ex-militante.

No texto, Battisti diz, entre outras coisas, que não fazia mais parte do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), quando os assassinatos foram cometidos e ressalta que, mesmo durante as ações armadas do grupo para "apropriações em bancos", tentava proteger os vigias. "Conto esta pequena história que pode parecer anedótica, para assegurar-lhes, Senhores Ministros, que não sou de maneira alguma 'um homem sanguinário', como tem sido escrito incessantemente, mas ao contrário", relatou.

O ex-ativista diz ter sido condenado em 1981 a 12 anos de prisão por subversão contra a ordem do Estado, e fugido por perceber que "as leis não seriam nunca normais" para este tipo de crime. Durante o período em que morou na França e no México, afirma ter ignorado a existência de outro processo contra o PAC, no qual foi condenado à prisão perpétua.

Battisti alega estar sendo utilizado "como um bode expiatório" por pessoas arrependidas. Ele está preso em Brasília aguardando a decisão da Justiça sobre o pedido de extradição.

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