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Reforma política vai pôr fim a feudos italianos

A crise da dívida faz ruir feudos na Itália e, em troca de blindar o país, a Europa exige a maior reforma política italiana desde o fim da era de Mussolini. No total, mais de 10 mil políticos terão o cargo extinto pelo projeto de cortes de gastos apresentado pelo governo de Silvio Berlusconi e ditado pelo Banco Central Europeu (BCE).

A reportagem percorreu cinco cidades que terão a administração fechada nos próximos meses, com o objetivo de reduzir os gastos públicos. No total, 1,5 mil prefeituras e cerca de 30 governos provinciais desaparecerão na Itália.

A medida elimina salários e benefícios para vereadores, deputados regionais, prefeitos, vice-prefeitos e secretários. Pelos cálculos do governo, isso permitirá a economia de 9 bilhões de euros, de um total de cortes de gastos 45 bilhões de euros proposto.

A classe política, porém, está dividida, com muitos dos eleitos determinados a manter empregos e salários. Para isso, organizam manifestações e um intenso lobby para retirar as cidades da lista elaborada pelo governo.

"O gasto de uma prefeitura é o mesmo de um deputado italiano. Portanto, cortar uma administração pública nesse sentido é pura demagogia", acusou Lido Riba, presidente da União das Comunidades de Montanha do Piemonte, lembrando que os deputados são os que mais ganham na Europa, com salários de 14 mil euros ao mês. "Por que não se cortou pela metade o salário desses deputados ?", perguntou.

Na região do Piemonte, serão 600 cidades com as prefeituras abolidas e o Estado espera economizar 160 milhões de euros por ano.

"Estamos de acordo que temos de apertar o cinto. Mas isso não pode ser sempre uma exigência feita ao parente mais pobre", afirmou Massilo Nobili, presidente da Província de Verbano-Cusio-Ossola, lembrando que muitos dos poderes locais são resultado de questões históricas e que datam da Idade Média.

Augusto Rollandin, presidente da região da Aosta, já avisa que não aceitará o projeto. Em sua região, pelo menos 50 cidades desaparecerão. "Há uma divisão que funciona muito bem do trabalho das administrações regionais e locais. Não há porque mudar", disse.

Outros são mais realistas, diante da dívida da Itália de 120% do Produto Interno Bruto (PIB), equivalente a 1,9 trilhão de euros. Gilberto Pichetto, senador pela Província de Biella, sabe que sua região não sobreviverá e acha que estava mesmo na hora de "feudos políticos" começarem a cair. "Temos de ser realistas", afirmou, sobre a região com apenas 43 mil habitantes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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