Turismo na Itália

TURISMO: Ilha italiana da Sicilia atrai turistas de todo o mundo

Impossível falar na Sicília sem falar da máfia. A ilha italiana, apontada como precursora deste tipo de crime organizado, virou tema de filmes e livros. Quem chega à capital Palermo de avião tem seu primeiro contato com essa história. O aeroporto recebeu o sobrenome dos juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, assassinados há exatos 20 anos pela Cosa Nostra (sociedade criminosa que se desenvolveu na Sicília). Os atentados levaram a população às ruas com um pedido de basta à violência.


As evidências estão por toda parte. Na estrada próxima a Palermo, um totem marca o local em que o carro de Falcone foi atingido. As bombas causaram um estrago tão grande que o estouro foi registrado nos sismógrafos como um terremoto. Ali, a população deposita flores e também cartas para o juiz, que se transformou em herói do povo siciliano.

Em Corleone, um museu convida os visitantes a conhecer um pouco mais sobre todos esses acontecimentos. O Centro Internacional de Documentação sobre a Máfia e do Movimento Antimáfia reúne processos judiciais, fotografias, matérias de jornais e outros documentos, que estão à disposição para quem quer se aprofundar no assunto. “Muito se fala de máfia e pouco se aborda sobre o movimento antimáfia, mas isso começa a mudar”, comemora Salvatore Di Bella, guia turístico local.

Corleone é um exemplo deste processo. Quem visita a cidade, que ganhou fama com a trilogia O Poderoso Chefão, obra cinematográfica de Francis Ford Coppola que tem como base os livros de Mario Puzzo, se surpreende com suas ruas estreitas pavimentadas com pedras e sua arquitetura ímpar. Desvendar a pé os caminhos de Corleone permite gratas descobertas, como vislumbrar imponentes igrejas do século XIV e o mirante, que oferece uma vista panorâmica surpreendente.

A beleza arquitetônica e as paisagens de tirar o fôlego estão por toda parte. A diversidade de povos que habitaram a ilha por séculos e séculos faz com que tudo seja ainda mais especial. É possível encontrar vestígios fenícios, gregos, árabes e normandos. Em uma superfície de quase 26 mil quilômetros quadrados, a Sicília reúne os mais diferentes cenários.

Ali estão, por exemplo, os templos gregos tidos como os mais bem conservados do mundo. O Vale dos Templos, localizado na província de Agrigento, permite uma viagem no tempo. Os sete templos dóricos, declarados Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, merecem duas visitas: uma durante o dia, que permite apreciar os detalhes da arquitetura, e outra à noite, com o espetáculo proporcionado pela iluminação especial. Entre as principais ruínas, estão os templos de Zeus, de Juno e de Concórdia, construídos no século V a.C.

A riqueza arqueológica também fez outra província, a de Siracusa, receber a distinção da Unesco. No parque Neópolis, é possível sentar na bancada do teatro grego onde Platão esteve por alguma vezes. O local, ainda utilizado para apresentações e espetáculos clássicos, possibilita uma bela vista para o mar. O anfiteatro romano é outro destaque do parque. Datado do século II d.C., resiste ao tempo e dá uma ideia de como era a vida dos locais daquela época.

A arquitetura é outro atrativo da ilha. Em Noto, é possível conhecer um rico conjunto de estilo barroco. Prédios de cor amarela ganham um tom ainda mais especial à luz do pôr do sol. Na região, oito cidades foram reerguidas, imponentes, depois do terremoto de 1693, que devastou boa parte da ilha. A presença dos vulcões, aliás, é outro atrativo. O Etna tem toda a infraestrutura necessária para receber os turistas. Por € 60,00, pode-se chegar ao topo através de um veículo especial ou por teleféricos, se o tempo permitir. Mas é preciso estar bem preparado para isso. O frio é intenso, e, em pleno outono, pode chegar à sensação térmica de -20º C. O local oferece roupas adequadas para locação.

Considerada a maior ilha do Mar Mediterrâneo, a Sicília está de braços abertos para receber os turistas. O povo é hospitaleiro e se esforça para agradar a quem recebe. Por isso, conhecer um pouco da vida dos nativos dá um sabor a mais à viagem. Do happy hour nas glamourosas ruas e bares da capital Palermo aos encontros de final de tarde nos bancos de praças de Corleone, os sicilianos conquistam por sua simplicidade.

O convívio permite descobrir o que não está nos guias de turismo, como a possibilidade de saborear os únicos cannoli, feitos de forma artesanal na Sicília, na pequena localidade de Piana degli Albanesi. A culinária, aliás, merece uma atenção especial. Além do típico cannoli, doce feito com uma fina massa frita recheada com ricota cremosa, é possível experimentar várias especialidades locais, como os pratos feitos à base de frutos de mar, as deliciosas pizzas e os vinhos da região, como o Marsala. Os azeites de oliva são tão saborosos que conquistaram paladares de personalidades como o ex-presidente norte-americano Bill Clinton, que encomenda o produto da Sicília.

O turismo rural e gastronômico divide espaço com as belas praias sicilianas. São mais de 1.500 quilômetros de belezas naturais junto ao Mediterrâneo. Entre as mais famosas estão Cefalù, San Vito Lo Capo e Taormina. A água, de um azul límpido, é um convite para os turistas. Por Cristine Pires

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