
Uma forma de transporte utilizada pelos moradores de Veneza tem sido cada vez mais procurada por turistas para escapar dos bilhetes “salgados” do vaporetto e ter um gostinho de andar de gôndola sem precisar gastar fortunas.
Os chamados “traghetti” (ou, no singular, “traghetto”) são gôndolas usadas apenas para atravessar de uma margem à outra do Canal Grande, ao preço de somente dois euros (R$ 12,60).
As viagens duram poucos minutos, e muitas vezes os passageiros ficam de pé nos barcos.
Em contrapartida, um bilhete de vaporetto custa 9,50 euros (R$ 59,80), o que tem levado turistas a buscar opções mais econômicas de locomoção, para desespero dos venezianos, que antes eram usuários quase exclusivos desse meio de transporte.
Com isso, longas filas de turistas têm se formado nas ruas que levam aos cais de onde partem as gôndolas de transporte, que, diferentemente daquelas usadas em passeios românticos pelos canais da cidade, não são decoradas e contam com dois gondoleiros, um em cada ponta.
Para o morador Andrea Morucchio, os “traghetti se tornaram a última tendência para turistas que querem fazer um passeio de gôndola com orçamento limitado, e isso graças aos influenciadores e ao Google [que considera as gôndolas ao calcular rotas no ‘Maps’], então quem sai perdendo é o veneziano, que não pode mais usar um serviço público”.
Por outro lado, há quem defenda que, se dependesse apenas dos venezianos, cada vez menos numerosos no centro histórico, o serviço ficaria quase deserto.
“A realidade é que somente pouco mais de 50 mil [moradores] permanecem em Veneza, e o turismo traz cerca de 23 milhões de visitantes por ano. O serviço de gôndolas é público, então é óbvio que deve atender todo mundo”, disse o vereador e gondoleiro Aldo Reato.