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União Europeia cede a agricultores e retira projeto sobre pesticidas

A presidente do poder Executivo da União Europeia, Ursula von der Leyen, propôs a retirada de uma proposta que restringiria o uso de pesticidas nos Estados-membros, em meio à onda de protestos de agricultores no bloco.

A medida atende a uma das principais reivindicações da categoria e é uma tentativa da Comissão Europeia de aplacar as manifestações que bloquearam ruas e estradas em diversos países da UE, como Alemanha, Bélgica, França e Itália, nos últimos dias.

“Nossos agricultores merecem ser ouvidos. Sei que estão preocupados com o próprio futuro e com o futuro da agricultura, mas sabem também que a agricultura deve adotar um modelo de produção mais sustentável”, disse Von der Leyen em discurso no Parlamento Europeu, em Estrasburgo.

Segundo ela, a proposta original, integrante do plano de transição verde da UE e que previa reduzir pela metade o uso de pesticidas químicos até o fim da década, havia se tornado um “símbolo da polarização”, e a Comissão Europeia deve apresentar “um novo projeto, mais maduro”, no futuro.

A tarefa deve recair sobre outra gestão, uma vez que a UE vai às urnas em junho para renovar o Parlamento e o Executivo, e Von der Leyen ainda não anunciou se pretende tentar a reeleição.

Em seu pronunciamento, a alemã também afirmou que os agricultores são “os primeiros a sentir os efeitos da mudança climática”. “Secas e inundações destruíram colheitas e ameaçaram o gado”, destacou a presidente, defendendo também subsídios para o setor.

Enquanto Von der Leyen discursava, uma centena de tratores bloqueava a entrada do Europarlamento para protestar contra as políticas europeias para a agricultura.

Na Itália, o líder dos protestos, Danilo Calvani, afirmou que a retirada da proposta sobre pesticidas “é um ponto de abertura importante” e a primeira medida “parcialmente positiva” dos últimos dias.

“Estamos no caminho certo, mas nossa mobilização continua. Pedimos a anulação de todos os pactos bilaterais com países de fora da UE que nos estão matando”, acrescentou. Já o ministro da Agricultura da Itália, Francesco Lollobrigida, cunhado da premiê Giorgia Meloni, disse que a Comissão Europeia acatou propostas do país.

“É preciso limitar os agrotóxicos apenas quando se é capaz de proteger as produções com métodos alternativos. Combatemos desde o início uma abordagem ideológica sobre o tema, que teria tido um efeito devastador nas produções e limitadíssimo no meio ambiente”, declarou.

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