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União Europeia cede a pressões e recua de meta de banir carros a combustão em 2035

Após intensa pressão de montadoras e de países como a Itália, o poder Executivo da União Europeia recuou de sua meta de proibir totalmente novos carros movidos a combustão a partir de 2035, que era tratada como um marco na luta contra a crise climática.

Esse ambicioso objetivo havia sido estipulado em 2023, porém fabricantes europeus enfrentam uma crise devido à crescente competição com a China e à falta de incentivos para a compra de veículos elétricos e pressionavam a UE para flexibilizar o programa de descarbonização.

Com isso, a Comissão Europeia determinou que as montadoras não terão mais de cortar 100% das emissões de carbono expelidas por novos automóveis até 2035.

A nova meta prevê uma redução de 90% em relação a 2021, com os 10% restantes sendo compensados de duas maneiras: por meio da utilização de aço de baixo carbono produzido na Europa ou do aumento da oferta de combustíveis sintéticos ou de origem biológica, como o etanol, por empresas de energia.

Na prática, os fabricantes de carros poderão continuar vendendo um número limitado de veículos poluentes depois de 2035, como os híbridos plug-in ou elétricos puros com um motor térmico auxiliar.

Apesar do recuo, o vice-presidente de Estratégia Industrial da Comissão Europeia, Stéphane Séjourné, garantiu que a flexibilização “não coloca em discussão” o objetivo de descarbonizar o setor automotivo, um dos principais responsáveis pelo aquecimento global. “Todas as emissões adicionais geradas por tais flexibilidades terão de ser totalmente compensadas”, assegurou.

A indústria automotiva responde por cerca de 7% do produto interno bruto (PIB) da UE e emprega quase 14 milhões de pessoas no bloco, porém defende que a proibição total dos motores a gasolina ou a diesel era irrealista. Para defender sua tese, as montadoras citavam a carência de infraestrutura de recarga e a falta de incentivos fiscais para a aquisição de carros elétricos — segundo dados do setor, os automóveis movidos a bateria respondem por apenas 16% das vendas de veículos novos entre janeiro e setembro de 2025.

A Comissão Europeia também apresentou uma série de medidas adicionais para apoiar o setor, incluindo uma espécie de “supercrédito” que ajudará as montadoras a atingirem suas metas de emissões.

Até 2035, as vendas de carros elétricos com menos de 4,2 metros de comprimento serão contabilizadas 1,3 vezes, aumentando artificialmente a participação de veículos de emissão zero na frota dos fabricantes.

Além disso, a UE disponibilizará 1,5 bilhão de euros (R$ 9,6 bilhões) para apoiar produtores europeus de baterias por meio de empréstimos sem juros. O novo pacote ainda precisa da aprovação do Parlamento do bloco e dos Estados-membros para entrar em vigor.

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