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Silvio Berlusconi e Ban ki-moon foram alvos da NSA, diz WikiLeaks

A Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) espionou conversas privadas de líderes mundiais, como o secretário-geral das Nações unidas, Ban Ki-moon, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o ex-premier italiano Silvio Berlusconi. É o que revela uma nova série de documentos divulgados pelo site WikiLeaks. A entidade, fundada pelo australiano Julian Assange, publicou relatórios que comprovam que a NSA colocou escutas em uma conversa entre Ban e Merkel, a qual já tinha sido alvo de grampos praticados pela agência de inteligência norte-americana.

Merkel e Ban dialogavam sobre como enfrentar as mudanças climáticas quando foram espionados. De acordo com o WikiLeaks, a NSA também acompanhou conversas do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e de Berlusconi, além de um outro diálogo que o italiano mantivera com Merkel e com o então presidente francês Nicolas Sarkozy. Na ocasião, Netanyahu pediu ajuda a Berlusconi para lidar com o governo dos Estados Unidos, já liderado pelo democrata Barack Obama. "Berlusconi prometeu colocar a Itália à disposição de Israel para ajudar a gerenciar as relações do país com Washington", disseram os relatórios.

A conversa entre o italiano, Merkel e Sarkozy, por sua vez, girou em torno de assuntos financeiros e ocorreu em 22 de outubro de 2011. "As instituições financeiras italianas podem 'explodir' em breve, como uma tampa de garrafa de champanhe", alertara o líder francês na ocasião. Além do ex-premier italiano, foram grampeados diálogos do então conselheiro para a segurança nacional do país, Bruno Archi, do vice-conselheiro diplomático Marco Carnelos, e do representante permanente da Itália na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Stefano Stefani. A Special Collection Service (SCS), unidade especial da NSA que opera sob cobertura diplomática, era a responsável por coletar dados de comunicação sigilosa de líderes mundiais.

"Será interessante ver a reação da ONU [com os casos de espionagem]. Porque, se o secretário-geral pode ser alvo, sem qualquer consequência, então qualquer um, desde um líder mundial a um varredor, está em risco", disse o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que desde 2012 está refugiado na embaixada do Equador em Londres para evitar uma extradição aos Estados Unidos, onde é acusado de espionagem. Na Itália, as reações contra o caso de espionagem a Berlusconi foram grandes. O ex-premier governou o país em vários períodos, de 1994 a 1995, de 2001 a 2006 e de 2008 a 2011. A espionagem relevada pelo WikiLeaks foi praticada no último período. O líder do atual partido de Berlusconi, o Forza Italia (FI), na Câmara dos Deputados, Renato Brunetta, exigiu a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso de espionagem de 2011 e sobre a crise bancária de 2015 no país. "Os dois temas podem ser unificados, visto que são duas faces da mesma moeda, com as mãos das finanças internacionais na Itália e com poderes obscuros tentando influenciar nosso país", criticou.

Por sua vez, o líder do FI no Senado, Paolo Romani, definiu a espionagem "é um fato gravíssimo" e disse que o "Executivo italiano precisa dar uma resposta clara" às práticas da NSA.

Os novos documentos do WikiLeaks foram publicados simultaneamente no mundo todo, através de parcerias com jornais internacionais e nacionais. Merkel já havia sido alvo de grampos telefônicos, mas nunca foi divulgado nenhum tipo de espionagem contra o secretário-geral das Nações Unidas.

Na Itália, o governo do ex-premier italiano Enrico Letta (2013-2014) chegou a desmentir que as autoridades do país tinham sido alvos de grampo da NSA.

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