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ANDREA TORRENTE: Morrer de política. O escândalo da democracia italiana!

Angelo Vassallo, prefeito da pequena cidade de Pollica, na provincia de Salerno, sul da Itália, foi assassinado por nove golpes de pistola.

Era chamado de “prefeito pescador” pelo seu amor pelo mar e de “prefeito anti-Camorra” pela luta que combatia cotidianamente contra a máfia da região Campânia. Tutelava o território e contrastava a especulação edilícia que quer devorar a sua maravilhosa terra.

Atrás da sua morte existe a sombra da criminalidade organizada. Morrer de política, antes de boa política, no sul da Itália é um destino altamente provável. Aqui está o enorme escândalo da democracia italiana.

Porque a normalidade em alguns territórios se torna exceção: uma política que mantém as costas retas e que não aceita a chantagem da máfia é uma política que anda já morta.

No sul da Itália governar é difícil, arriscado, perigoso. Pode ser morto por um “não” a uma licitação pública ou por ter dificultado uma empresa da Camorra. Mas ainda existem administradores e empresários do bem.

É preciso investir nessas forças limpas, é preciso não deixá-las sozinhas como aconteceu com Vassallo e antes dele com demais dezenas de políticos nas regiões mais difíceis do País. É preciso contar essas histórias todos os dias. As palavras são fundamentais pela luta contra a máfia: o escritor napolitano Roberto Saviano, autor do best-seller “Gomorra”, é um exemplo.   

Morrer de política do bem, nas terras mafiosas, é a normalidade. Ser vítima dos clãs por quem não baixa a cabeça na frente do poder criminal não gera mais escândalo. As consciências parecem estar adormecidas em frente a um sistema que se proclama democrático, mas que funciona de ponta cabeça.

Um país que possui quatro grandes regiões nas mãos das máfias (Campânia, Calábria, Apúlia e Sicília) é uma democracia que tropeça. É um País que cada ano, no dia 20 de março, é obrigado a celebrar o recordo de centenas de vítimas inocentes. É um fardo de que precisa se livrar.

Andrea Torrente é jornalista, colaborador da Rádio Italiana e formado pela "Università Degli Studi di Milano". 

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