Notícias

Vice-premiês da Itália divergem sobre reforma de cidadania

Os dois vice-premiês da Itália, Antonio Tajani e Matteo Salvini, discordaram publicament sobre um projeto para facilitar a cidadania para menores de idade nascidos no país, mas filhos de estrangeiros.

O conservador Tajani, também ministro das Relações Exteriores, defende uma proposta para instituir o princípio do “jus scholae” (“direito escolar”, em tradução livre), mas Salvini, também ministro da Infraestrutura e dos Transportes, disse que a iniciativa “não é uma prioridade da ação política” do governo.

“Digo isso sem nenhuma polêmica, mas temos de pensar em outra coisa”, declarou o líder do partido nacionalista Liga durante um evento no Senado.

“Os italianos estão absolutamente conscientes de que a atual lei [sobre cidadania] funciona bem. Nem os italianos, nem a centro-direita, nem a Liga acredita que seja uma prioridade mudar as regras de cidadania”, acrescentou.

Tajani, por sua vez, afirmou que o partido de Salvini “não conhece bem a proposta”. “Se a Liga estudasse atentamente o que propomos, e estamos prontos para debater com todos, acredito que nos daria razão. Queremos que a cidadania italiana seja uma coisa séria, e não uma prática burocrática”, salientou.

O projeto de Tajani prevê o reconhecimento da cidadania para estrangeiros nascidos na Itália ou que tenham chegado ao país antes do quinto aniversário. No entanto os candidatos precisariam completar 16 anos de idade, concluir o ciclo escolar até essa faixa etária e residir em solo italiano durante uma década ininterrupta.

Atualmente, filhos de imigrantes nascidos no país podem se tornar italianos somente após os 18 anos.

O debate voltou a ganhar força após o fracasso do referendo promovido pela oposição para reduzir de 10 para cinco anos o prazo para imigrantes em situação regular na Itália poderem solicitar a cidadania. A consulta popular terminou com placar de 65,3% para o “sim” e 34,6% para o “não”, porém apenas 30% dos eleitores compareceram às urnas, abaixo do quórum mínimo de 50% necessário para validar o resultado.

Antes disso, o governo da premiê Giorgia Meloni já havia restringido a cidadania por direito de sangue (“jus sanguinis”), agora transmitida apenas a ítalo-descendentes com um dos pais ou um dos avós nascido na Itália, instituindo um limite geracional que não existia na lei.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios