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QUINTA-FEIRA SANTA: Papa Bento XVI critica “apelo à desobediência” feito por padres católicos

Bento XVI criticou no Vaticano os subscritores do “apelo à desobediência”, promovido por padres austríacos, que acusou de realizar um gesto "desesperado" e contrário aos interesses da Igreja.

“Não anunciamos teorias nem opiniões privadas, mas a fé da Igreja da qual somos servidores”, frisou, na homilia da Missa Crismal a que presidiu, na Basílica de São Pedro, perante cerca de 1600 sacerdotes da Diocese de Roma.

O Papa reafirmou as “decisões definitivas do magistério” católico, aludindo especificamente à questão relativa à ordenação sacerdotal das mulheres, “a propósito da qual o beato Papa João Paulo II declarou de maneira irrevogável que a Igreja não recebeu, da parte do Senhor, qualquer autorização para o fazer”.

Na celebração que deu início à Quinta-feira Santa, no Vaticano, Bento XVI admitiu que a Igreja vive numa situação “muitas vezes dramática”, mas sublinhou que a desobediência não é “um caminho” para a renovar a Igreja.

O “apelo à desobediência”, a que o Papa se referiu, foi lançado em 2011 por cerca de algumas centenas de padres na Áustria, com o apoio do movimento ‘Nós Somos Igreja’, e tem-se alargado a outras nações.

O documento exige o fim do celibato obrigatório, a ordenação sacerdotal de mulheres, a ordenação sacerdotal de homens casados na Igreja de rito latino, a comunhão para os divorciados em segunda união e um maior protagonismo para os leigos, entre outras questões.

Para Bento XVI, não é possível “dar crédito” aos autores deste apelo quando dizem que “é a solicitude pela Igreja que os move, quando afirmam estar convencidos de que se deve enfrentar a lentidão das instituições com meios drásticos para abrir novos caminhos, para colocar a Igreja à altura dos tempos de hoje”.

O Papa voltou a questionar se a desobediência “será verdadeiramente um caminho” a seguir para “uma verdadeira renovação”, ou se, pelo contrário, não é apenas “um impulso desesperado de fazer qualquer coisa”, de transformar a Igreja segundo desejos e ideias pessoais.

“Deus não olha para os grandes números nem para os êxitos exteriores”, assinalou.

Neste contexto, Bento XVI pediu que os padres sejam “homens que atuam a partir de Deus e em comunhão com Jesus Cristo”, o que, do seu ponto de vista, exige duas coisas: “Uma união íntima, mais ainda, uma configuração a Cristo e, condição necessária para isso mesmo, uma superação de nós mesmos, uma renúncia àquilo que é exclusivamente nosso, à tão falada autorrealização”.

A homilia papal deixou ainda preocupações com o “analfabetismo religioso” que cresce no meio da atual sociedade e com “as pessoas que, relativamente à verdade, se encontram na escuridão”.

“Enquanto sacerdotes, preocupamo-nos naturalmente com o homem inteiro, incluindo precisamente as suas necessidades físicas: com os famintos, os doentes, os sem-abrigo; contudo, não nos preocupamos apenas com o corpo, mas também com as necessidades da alma do homem”, explicou.

Durante a celebração foram abençoados os óleos dos catecúmenos e dos enfermos e consagrado o óleo do crisma, os quais serão levados esta tarde pelos padres de Roma para todas as paróquias, onde são utilizados na celebração dos sacramentos do Batismo, Crisma, Ordem e Unção dos Doentes.

Os cardeais, bispos e padres presentes renovaram as promessas feitas na sua ordenação sacerdotal.

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