A chanceler alemã Angela Merkel assegurou neste domingo que França e Alemanha estão decididos a fazer o que for necessário para recapitalizar os bancos.
A medida tem "objetivo de garantir a concessão de créditos à economia", disse Merkel.
Os dois países vão apresentar propostas para um novo pacote amplo para estabilizar a zona do euro até o fim de outubro.
"Nós decidimos dar essa resposta até o fim do mês porque a Europa precisa resolver seus problemas para a reunião do G20 em Cannes", disse o presidente francês, Nicolas Sarkozy, dizendo que ainda é cedo para entrar em detalhes.
Sarkozy garantiu que "o acordo está concluído" entre os dois países em relação a esta questão, enquanto informações da imprensa indicavam divergências.
O presidente francês disse também que França e Alemanha estão bastante conscientes de que têm uma responsabilidade particular para estabilizar o euro.
"Alemanha e França querem que o mesmo critério seja aplicado, e um critério que seja aceito por todas as partes", acrescentou Merkel. "Vamos pedir a todas as autoridades relevantes para checar se o que estamos fazendo é sustentável."
O presidente e a chanceler, que se reuniram durante mais de uma hora para debater a crise da dívida na zona do euro antes de falarem à imprensa, devem manter suas conversas durante um jantar de trabalho neste domingo.
DISCORDÂNCIAS
Alemanha e França estavam divididas sobre como fortalecer os instáveis bancos europeus.
Paris queria recorrer aos € 400 bilhões do fundo de resgate da zona do euro, o EFSF, para recapitalizar seus próprios bancos e Berlim insistia que o fundo deveria ser utilizado como último recurso.
O anúncio, na terça-feira (04), do desmoronamento do banco franco-belga Dexia acelerou os planos de Bruxelas para socorrer os bancos, em particular alemães e franceses, muito expostos à dívida grega.
Na quarta-feira (05), durante uma visita a Bruxelas da chanceler alemã, Angela Merkel, a Alemanha pediu a recapitalização dos bancos europeus para evitar um grande contágio da crise da dívida.
CRISE
Com dificuldade de refinanciar sua dívida, a Grécia vive uma forte crise fiscal, com risco de suspender o pagamento a seus credores e arrastar a Europa para uma crise semelhante à de 2008.
Diversos bancos internacionais possuem títulos da dívida grega, por isso um eventual "default" (suspensão dos pagamentos) naquela economia tem potencial para atingir o coração do sistema financeiro global.
A perspectiva de uma participação superior do que o previsto dos bancos no plano de ajuda à Grécia fragiliza o conjunto do setor bancário europeu.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, confirmou na quinta-feira (6) que propõe uma ação coordenada na Europa para recapitalizar os bancos e eliminar os ativos podres.
O FMI já disse que os bancos europeus precisam de fundos adicionais de € 200 bilhões.