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PIER LUIGI BERSANI: Principal candidato para liderar a Itália promete manter reformas econômicas

Pier Luigi Bersani, o político de centro-esquerda que as pesquisas de opinião apontam como o próximo chefe do governo da Itália, prometeu defender os compromissos econômicos de seu país com a Europa, em meio à crise de dívida, e não desmantelar reformas importantes feitas pelo atual governo caso seja o mais votado nas próximas eleições.

"Vamos respeitar os compromissos muito rigorosos que foram assumidos (…) e considerá-los como nossos", disse Bersani, em uma entrevista ao The Wall Street Journal em sua cidade natal no norte da Itália, na região de Emília-Romanha, no fim de semana.

Bersani falou algumas horas antes de o primeiro-ministro Mario Monti anunciar que vai renunciar depois que o Parlamento aprovar o orçamento para 2013. A decisão, que veio de surpresa, significa que a Itália provavelmente realizará eleições já em fevereiro, acelerando a saída do governo tecnocrata de Monti, que está há um ano no poder, antes do que se esperava, e trazendo dois meses de manobras políticas que prometem ser voláteis, com a Itália tentando voltar a um governo democrático.

Os principais políticos que devem moldar o futuro imediato do país são Bersani, cujo Partido Democrático é o maior da Itália; Silvio Berlusconi, que depois de ficar meses no ostracismo, disse no fim de semana que vai disputar as eleições na esperança de reverter uma queda de popularidade do seu partido conservador; e Monti, que muitos políticos de centro esperam que concorra como candidato a primeiro-ministro.

Com o início da campanha esta semana, Bersani espera apresentar-se como o candidato mais apto para liderar o país. O político de 61 anos de idade, um fumante de charutos que já foi três vezes ministro, responsável por várias questões econômicas, está tentando dissipar os receios nos mercados internacionais de que um governo de centro-esquerda seria um retrocesso para a Itália.

Bersani é considerado um esquerdista moderado. Mas seu partido é apoiado por sindicatos avessos a reformas, que no início do ano fizeram uma campanha, com sucesso, para amenizar uma modificação da legislação trabalhista introduzida pelo governo Monti. O Partido Democrático formou uma aliança eleitoral com o movimento de esquerda radical Esquerda, Ecologia e Liberdade, conhecido pelas iniciais italianas SEL, que criticava a política de austeridade de Monti, criando temores entre os economistas de que a políticas fiscais mais permissivas colocariam a Itália de volta no centro da crise da dívida europeia.

É de grande relevância para Bersani a experiência de dois governos anteriores de centro-esquerda chefiados pelo então primeiro-ministro Romano Prodi. A capacidade de Prodi de tomar decisões políticas foi frustrada e ele não chegou até o fim do mandato nas suas duas passagens pelo governo devido a revoltas por parte de partidos marginais.

"Não acreditem nas minhas palavras; julguem-me pelo que eu já fiz, mesmo em acordos com companheiros inusuais", disse Bersani, referindo-se a uma série de medidas pró-concorrência que elaborou quando era ministro do Desenvolvimento Econômico, no fim dos anos 2000.

Entre as iniciativas estava uma expansão no tipo de locais com permissão para vender medicamentos; redução nas tarifas do celular pré-pago e aumento do número de licenças de táxi — medidas que na época causaram protestos generalizados.

Para aliviar a carga de austeridade que os italianos enfrentaram ao longo de todo o último ano, Bersani disse que iria aliviar o impacto sobre os que recebem salários mais baixos causado por um novo imposto sobre a propriedade — e compensar a perda de receitas cobrando mais impostos das pessoas com propriedades de alto valor. Embora a Itália mantenha os compromissos de seu orçamento equilibrados para 2013, Bersani disse esperar que a Europa reexamine seus objetivos fiscais no ano que vem.

"A política europeia não pode se focar exclusivamente na austeridade (…) Tudo isso criou um problema social real na Itália e na Europa", disse Bersani. "Tenho certeza de que no ano que vem, a situação na Europa irá incentivar uma discussão e uma revisão das políticas econômicas e fiscais. Não para reformá-las, mas para injetar nelas algumas correções visando maior flexibilidade."

"Esta será a posição da Itália (…) mas não seremos necessariamente os primeiros a levantar a mão", acrescentou.

Nas eleições que se aproximam, Bersani fará campanha contra Berlusconi. O bilionário ex-primeiro-ministro está tentando reenergizar suas forças de centro-direita, cujo apoio nas pesquisas de opinião caiu mais da metade desde que ele deixou o cargo de primeiro-ministro, no ano passado, em meio a uma convulsão no mercado. Grande parte do voto de protesto deve ir para o Movimento Cinco Estrelas, do comediante Beppe Grillo, que se saiu bem em recentes eleições locais na Sicília e pode levar até 20% do voto popular, segundo mostram pesquisas de opinião.

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