O Parlamento alemão aprovou, com ampla maioria, o terceiro pacote de ajuda financeira à Grécia, orçado em 86 bilhões de euros. Foram 454 votos a favor, 113 contra e 18 de abstenções.
A votação foi uma vitória da chanceler Angela Merkel, que chegou a atrasar a sua viagem ao Brasil para garantir o apoio do Bundestag. Pela primeira vez, a líder política viu uma rebelião dentro da coligação que a apoia e precisou trabalhar para que o pacote fosse aprovado. A Alemanha é o maior credor dos gregos atualmente.
Em discurso para os parlamentares, o ministro das Finanças, Wolfgang Schaeuble, disse que seria "irresponsável não usar a oportunidade para dar um novo início" ao governo grego. Pedindo encarecidamente para que eles votassem pela "aprovação", o ministro destacou que as mudanças que estão ocorrendo na Grécia "são reconhecíveis".
Schaeuble disse que "naturalmente, não há garantia que tudo funcionará e ainda restam algumas dúvidas", próprias das experiências ocorridas no passado, mas também ressaltou – mais de uma vez – que a linha dos gregos mudou profundamente.
"Grande parte das medidas mais importantes, e esta é a novidade, já foram aprovadas pelo Parlamento grego. A mudança é evidente, tangível, alguns até dizem que parece outro mundo", discursou.
Com a aprovação dos alemães, considerada a mais difícil, o pacote agora precisa ser ratificado pelo Mecanismo de Estabilidade Financeira (ESM), já que os países europeus já aprovaram o documento através de seus Parlamentos.
A primeira parcela do empréstimo do Eurogrupo deve ser de 26 bilhões de euros, dividida em duas partes: uma de 10 bilhões, disponibilizada de uma vez só para recapitalizar bancos, e outra de 16 bilhões, a ser distribuída em fases durante os próximos meses.
O acordo deve ser muito duro, mais uma vez, com o povo grego e prevê uma série de ações pesadas como o aumento do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), a privatização de diversas empresas públicas e uma polêmica reforma no sistema previdenciário.