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Italianos são presos no Afeganistão acusados de complô com Taleban

Três italianos da ONG de ajuda humanitária Emergency foram presos em Lashkar Gah, no sul do Afeganistão, acusados de fazer parte de um complô para realizar ataques suicidas contra a autoridade máxima da província de Helmand.

De acordo com o governador Gulab Mangal, os europeus — um médico, um enfermeiro e um empregado de logística — "estavam planejando atentados e seu primeiro objetivo era eu".

Matteo Dell'Aira, coordenador médico do hospital local da Emergency, além de Marco Garatti e Pagani (ainda não se sabe seu primeiro nome) podem até ser condenados à pena de morte sob a acusação de "combatentes insurgentes estrangeiros". 

À imprensa, Mangal sustentou que o plano era financiado pela milícia Taliban afegã presente no Paquistão, e que durante a operação foram encontrados cinco rifles, nove granadas, sete coletes explosivos e vários tipos de munição. 

"O que sabemos é que nosso pessoal foi sequestrado pela Segurança Nacional e pela Força Internacional de Assistência à Segurança [Isaf, na sigla em inglês] e não sabemos onde", informou Maso Notarianni, responsável pelas comunicações da Emergency. 

"Contatamos por telefone a um dos nossos e nos respondeu em inglês um oficial da Isaf. Disse-nos que estavam bem, mas que não poderiam falar conosco", acrescentou ele. 

Fontes do comando afegão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), responsáveis pela Isaf — que conta com tropas italianas em suas fileiras –, rechaçaram a autoria da prisão. 

"Esta operação foi realizada pelas forças de segurança afegãs. Aconselho a dirigir-se a eles ou à Embaixada da Itália para conhecer os detalhes", disse à ANSA o general canadense Eric Trembley, porta-voz oficial da Isaf. 

As autoridades de Helmand comunicaram que na mesma ação foram presos seis afegãos, além dos três europeus. De acordo o porta-voz Daud Ahmadi, a conspiração apontava "a uma possível visita futura do governador Gulab Mangal ao hospital de Lashkar Gah". 

Ahmadi afirmou que os nove presos entraram em contato com os talebans, que teriam pago US$ 500 mil pela realização dos atentados. 

O Ministério das Relações Exteriores da Itália enfatizou que a Emergency não pode ser relacionada direta ou indiretamente às atividades financiadas pela cooperação da nação europeia na região ocupada. 

Em resposta, o fundador da ONG, Gino Strada, classificou à ANSA como "absurdas" as acusações feitas pelas autoridades afegãs e refutou a notícia da presença de armas no hospital de Lashkar Gah. 

"É verdade que o projeto que a Emergency leva adianta no Afeganistão não é financiado pela cooperação, mas recebeu a 'conformidade' do Ministério do Exterior, termo técnico para dizer que a Chancelaria reconhece o projeto e o apoia", garantiu Strada. 

De acordo com um comunicado, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, se mantém em contato com as autoridades afegãs. 

À espera de conhecer os detalhes do episódio e as motivações das detenções, o governo do país europeu "reafirma a linha de absoluto rigor contra qualquer atividade de respaldo direto ou indireto ao terrorismo, tanto no Afeganistão como em qualquer outra parte", afirmava a nota. (ANSA)

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