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Jornalista antimáfia é multado em mil euros por difamar Meloni

Um tribunal de Roma condenou o jornalista e escritor antimáfia Roberto Saviano a pagar uma multa de mil euros por difamar a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, ao comentar a situação migratória no país.

O processo está ligado a um caso ocorrido em dezembro de 2020, quando Saviano chamou Meloni de “bastarda” ao comentar a crise migratória no país, que havia deixado um bebê morto durante uma travessia na época, em um talk show na TV italiana.

Segundo ele, Meloni, a líder do partido de direita Irmãos da Itália (FdI), usou uma forte retórica contra os migrantes.

“Vocês devem ter se lembrado de todo o lixo jogado contra as ONGs, que eles chamam de ‘táxis marítimos’ ou ‘navios de cruzeiro’. Tudo o que posso dizer é: bastardos. Para Meloni e (Matteo) Salvini, bastardos, como vocês podem?”, declarou ele. .

Depois, tanto a política como Salvini, atual vice-premiê de seu governo, o denunciaram. O julgamento começou em novembro do ano passado.

A defesa da premiê garantiu que “afirmar que Giorgia Meloni está perseguindo alguém é absolutamente falso” e reforçou que a palavra “bastardo não é uma crítica, mas sempre um insulto, até para o dicionário é um termo depreciativo”.

“O direito à crítica, mesmo para o Supremo Tribunal Federal, não pode ir além do uso de termos e do respeito às pessoas”, acrescentou o advogado de Meloni, ressaltando que Saviano “utilizou linguagem excessiva, vulgar e agressiva”.

“É possível criticar, mas ninguém está acima do código penal”, concluiu. O Ministério Público de Roma havia pedido uma multa de 10 mil euros ao escritor, que também enfrentou uma possível condenação à prisão por três anos.

Paralelamente, Saviano enfrenta outra audiência separada por ter chamado Salvini de “ministro do submundo” em outra ocasião.

O escritor, sob proteção policial pelos seus livros em que revela mecanismos mafiosos, como o bem-sucedido “Gomorra” (2006), considera este julgamento um atentado à liberdade de expressão.

O livro virou filme em 2008, ganhou o segundo prêmio em Cannes e serviu de inspiração para uma série de sucesso da Sky TV. A Camorra é a terceira maior organização criminosa da Itália, atrás da ‘Ndrangheta, da Calábria, e da Cosa Nostra, da Sicília.

Grupos de defesa da liberdade de imprensa criticaram o julgamento e o fato de a difamação ser um crime em Itália. “Perder hoje é um exemplo do que vai acontecer amanhã, nos leva ainda mais a entender a situação que vivemos, com um poder executivo que tenta continuamente intimidar quem não conta suas mentiras”, concluiu Saviano.

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