
A Polônia abateu em seu espaço aéreo uma série de drones atribuídos à Rússia e alertou que a humanidade nunca esteve tão perto de uma nova guerra mundial.
A resposta à incursão foi coordenada com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e envolveu caças militares poloneses e holandeses, aviões de reconhecimento italianos e sistemas antiaéreos Patriot da Alemanha.
“Verificou-se uma violação sem precedentes do espaço aéreo polonês por parte de drones. Trata-se de um ato de agressão que criou uma ameaça real à segurança de nossos cidadãos”, disse o comando operacional do Exército de Varsóvia.
Os destroços de um drone chegaram a atingir uma casa no vilarejo de Wyryki-Wola, perto da fronteira com Ucrânia e Belarus, mas ninguém ficou ferido. “As pessoas ouviram a explosão e também viram os caças poloneses”, contou o prefeito Mariusz Zanko.
O premiê Donald Tusk afirmou que foram registradas pelo menos 19 violações do espaço aéreo polonês, em menos de 24 horas, enquanto o Ministério do Interior relatou que as autoridades já encontraram sete drones e os “restos de um míssil de origem não identificada”.
“Essa situação coloca todos mais perto de um conflito aberto, mais perto do que nunca do que foi a Segunda Guerra Mundial. Já tínhamos uma guerra de vasta escala na fronteira russo-ucraniana, e agora temos algo que ultrapassa os limites da provocação”, disse Tusk, que teme que a Polônia seja o próximo objetivo de Moscou após uma eventual queda de Kiev.
“A Polônia tem hoje um inimigo político que não esconde suas intenções hostis. Precisamos concentrar nossos esforços e nossas capacidades para defender a Polônia contra a verdadeira ameaça”, alertou.
O premiê também acionou o artigo 4 da Otan, que prevê que um país-membro possa pedir consultas quando considerar que sua integridade territorial e segurança estão sob ameaça.
Além disso, o governo polonês convocou o encarregado de negócios da Embaixada da Rússia em Varsóvia, Andrei Ordash, para protestar contra a incursão. O diplomata, no entanto, declarou que “não foi apresentada nenhuma prova de que os drones tenham origem russa”.
Já o secretário da Otan, Mark Rutte, prometeu que a aliança defenderá “cada centímetro de seu território”. “Minha mensagem a Vladimir Putin é clara: pare a guerra na Ucrânia e a escalada bélica, pare de violar o espaço aéreo dos aliados [da Otan] e saiba que estamos prontos”, acrescentou.
A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, também se pronunciou e ofereceu solidariedade a um dos maiores países-membros do bloco. “A guerra da Rússia está se intensificando e precisamos aumentar os custos para Moscou, além de investir na defesa da Europa”, afirmou.
Por sua vez, o vice-premiê e ministro das relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, definiu a invasão do espaço aéreo polonês como “gravíssima e inaceitável”, além de uma “ofensa à segurança de toda a área euro-atlântica”. “Toda provocação deve ser rechaçada com firmeza e união por parte da Europa”, salientou.