
O museu mais importante de Milão, no norte da Itália, inaugurou uma exposição com mais de 120 criações da grife Giorgio Armani, cujo fundador morreu no último dia 4 de setembro, aos 91 anos.
Misturando a alta costura com obras-primas da arte italiana, a mostra “Giorgio Armani: Milano, per amore” acontece na Pinacoteca de Brera e é uma espécie de ato final do lendário estilista para comemorar os 50 anos de sua empresa, celebrados em 2025.
seu conhecido perfeccionismo, Armani supervisionou cada detalhe da exposição, selecionando cada uma das 129 peças exibidas ao público.
Concebida como um desfile de moda, com roupas que vão do dia para a noite conforme o visitante avança, a mostra coloca o vestido vermelho-papoula usado por Katie Holmes no Met Gala ao lado de afrescos de Bernardino Luini; expõe uma saia e um top vestidos por Juliette Binoche em frente ao quadro “Virgem com o Menino”, de Giovanni Bellini, realçando os tons azuis da pintura renascentista; e põe um terno cinza de Richard Gere no filme “Gigolô Americano” entre os famosos afrescos de soldados de Donato Bramante.
O percurso termina com a icônica camiseta com o rosto de Giorgio Armani, que parece admirar as obras-primas de Francesco Hayez expostas na última sala da pinacoteca.
A moda concebida como uma arte decorativa, entra em Brera em um evento único: um diálogo entre Giorgio Armani, o museu e o patrimônio artístico que ele protege”, disse Chiara Rostagno, vice-diretora da Pinacoteca de Brera.
A exposição coincide com a Semana de Moda de Milão, onde as últimas duas coleções pensadas pelo estilista serão mostradas na passarela, e ficará aberta ao público até 11 de janeiro de 2026.
Curiosamente, Armani relutou em fazer a mostra, por acreditar que as peças que marcaram a história de sua grife não estavam à altura de gênios da arte italiana.
“Minhas roupas certamente não são do nível de obras-primas como as de Piero della Francesca”, disse o estilista quando o diretor da Pinacoteca de Brera, Angelo Crespi, propôs a exposição, há quase um ano. Mas o fato é que as criações de Armani superaram o teste do tempo.
“A história da arte é também a história do vestuário, e a moda tem todo o direito de se confrontar com os grandes do passado. Para nós, era obrigatório celebrar um mito de Milão”, afirmou Crespi.