
O embaixador da Itália em Buenos Aires, Fabrizio Lucentini, garantiu que o país europeu “sempre esteve, está e sempre estará ao lado da Argentina”.
O diplomata, que fez um balanço de seus quatro anos na nação sul-americana, avaliou que o período foi “intenso”, mas também marcado por uma forte revitalização das relações entre os dois países, selada pela visita da primeira-ministra Giorgia Meloni em novembro e pelo lançamento de um “Plano de Ação” bilateral de longo prazo.
Nos últimos anos, foram criadas as condições para dar um quadro abrangente e continuidade à relação bilateral.
O Plano de Ação Itália-Argentina 2025-2030 visa precisamente identificar as áreas estratégicas de cooperação, definir os objetivos e fornecer as ferramentas para alcançá-los”, declarou Lucentini em entrevista à agência Ansa
Um dos principais setores onde novidades nas relações já estão se materializando é o de energia de transição, considerado um dos grandes motores do desenvolvimento da Argentina nas próximas décadas.
“No contexto atual, o peso e o papel do país no mercado global de energia cresceram, e a Itália está presente aqui há muitos anos com a Enel, um de seus investidores históricos”, explicou o embaixador.
Com base nesse cenário, surgiu a possibilidade concreta da entrada a Eni no mercado, através de uma grande joint venture com sua subsidiária argentina YPF para a produção e exportação de GNL, extraído do campo não convencional de Vaca Muerta, onde o grupo Techint já está presente com a Tecpetrol.
“Se for bem-sucedida, a Eni se tornará uma grande participante na segunda maior reserva de gás não convencional do mundo”, acrescentou.
Novos projetos também estão sendo registrados em outro grande setor em que a Argentina está se concentrando: a mineração, começando pelo lítio e o cobre.
“Aqui também estão sendo desenvolvidos investimentos pelo grupo ítalo-francês Stellantis e Techint”, disse.
No plano político e institucional, Lucentini mencionou “um salto de qualidade” na cooperação judiciária e no combate à criminalidade.
“A Argentina tem se tornado cada vez mais consciente da importância de combater o crime transnacional. Começou a se equipar com as ferramentas para combatê-lo, e fez isso também olhando para a Itália”, complementou.
O embaixador ainda lembrou a criação da “Unidade Antimáfia’ da Polícia Federal Argentina (PFA), as novas medidas legislativas adotadas pelo Congresso e “a grande colaboração na formação de operadores de justiça e segurança argentinos”.
No entanto, Lucentini enfatizou que “o verdadeiro capital que alimenta a relação preferencial com a Argentina vem do papel dos compatriotas, que chegaram na virada do século passado, no desenvolvimento social e cultural do país”.
“O objetivo de revitalizar as relações com esta parte do mundo, e com a Argentina em particular, também é compartilhado com a União Europeia”, comentou.
A visita da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em junho de 2023, “foi um passo significativo nesse processo”, acrescentou, lembrando que, além do acordo com o Mercosul, “entre as muitas ferramentas ativadas está o Global Gateway, que visa fortalecer as relações comerciais e a cooperação industrial entre as duas áreas”.
“Acredito que se a UE quiser ser, como deve ser, um ator global, ela deve ter sua própria política em todos os quadrantes do planeta, e certamente recuperar um papel nesses quatro países e na região é absolutamente fundamental”, concluiu.