
Depois de décadas de promessas frustradas, adiamentos e disputas judiciais, o projeto do novo estádio do time da Roma finalmente entra em sua fase decisiva. O clube AS Roma apresentou oficialmente à Prefeitura da capital romana o Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE) da arena que pretende construir no bairro de Pietralata. Trata-se de um empreendimento de mais de 1 bilhão de euros, com capacidade para quase 62 mil espectadores, assinado pelo escritório internacional Populous e liderado pela gestão do proprietário do clube, o empresário americano Dan Friedkin. O passo é considerado crucial para destravar um dos projetos esportivos mais aguardados da capital italiana.
O EVTE antecede a fase de projeto executivo e representa o resultado de um trabalho técnico aprofundado, desenvolvido em conformidade com as normas urbanísticas e ambientais vigentes. Mais do que um estádio, a proposta da Roma é criar uma infraestrutura de referência europeia, capaz de unir identidade esportiva, sustentabilidade ambiental e regeneração urbana. A ambição é clara: oferecer à cidade uma instalação à altura de sua história milenar e da paixão de sua torcida.
A MAIOR CURVA SUD DA EUROPA
O elemento simbólico mais forte do projeto é a Curva Sud monumental, anunciada como a maior da Europa. Em outras palavras, trata-se da arquibancada atrás do gol onde costumam se reunir as torcidas organizadas. Concebida como o coração pulsante do estádio, ela reforça a centralidade dos torcedores na experiência giallorossa e se propõe a ser um ícone visual e emocional da nova arena. A arquitetura combina referências da tradição romana com linhas contemporâneas, criando um estádio reconhecível à distância e integrado ao tecido urbano de Pietralata.
O estádio será construído no centro de um grande parque urbano. O terreno total soma 27 hectares, dos quais mais de 10 hectares serão destinados a áreas verdes públicas, espaços abertos, lazer e estacionamento.
A mobilidade é um dos eixos centrais do estudo de viabilidade. O complexo contará com quatro estacionamentos, totalizando mais de 6 mil vagas, além de uma área dedicada a bicicletas com 5.700 vagas. A localização estratégica, próxima à estação ferroviária Tiburtina, à parada Quintiliani da linha B do metrô e ao novo terminal de bonde em construção, permitirá o acesso por transporte público. Passarelas urbanas — entre elas uma ligação direta com a Via Livorno — facilitarão a chegada a pé de torcedores vindos da região da Piazza Bologna.
IMPACTO ALÉM DO FUTEBOL
O impacto do projeto vai além do futebol. A regeneração de Pietralata é apontada pela administração municipal como uma das maiores oportunidades recentes de requalificação urbana de Roma, com melhorias em serviços, infraestrutura e qualidade de vida. O prefeito Roberto Gualtieri classificou a apresentação do EVTE como um passo decisivo para superar uma espera histórica e destacou o valor estratégico do investimento. A relevância do projeto levou o estádio a ser incluído entre os potenciais palcos da Eurocopa de 2032, que será sediada conjuntamente por Itália e Turquia.
No momento, o principal ponto pendente é a conclusão dos levantamentos arqueológicos em uma área-chave do canteiro de obras, conhecida como área do autocâmbio. Com a coleta final de amostras de solo, a Roma aguarda o aval da Superintendência e a autorização da Região do Lácio para intervenções em áreas verdes. Paralelamente, técnicos do clube e do Campidoglio já trabalham no acordo de planejamento urbano que definirá direitos e obrigações das partes após a aprovação definitiva.
Se 2026 marcar o início efetivo das obras, Roma encerrará um ciclo iniciado em 1987, quando Dino Viola foi o primeiro dirigente italiano a imaginar um estádio próprio para o clube. Após quase quatro décadas de tentativas frustradas, o projeto de Pietralata surge como a realização mais concreta desse antigo desejo.



