O ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi definiu as pessoas de seu país como um "povo de cordeirinhos" por não se levantarem contra o atual chefe de governo Matteo Renzi.
A declaração foi dada durante o programa "Porta a Porta", principal talk show italiano. "Deveríamos estar nas ruas pedindo eleições e a dissolução das Câmaras. Somos um povo de cordeirinhos, temos um premier que não foi eleito e que está em pé graças a 50 parlamentares que traíram o seu mandato eleitoral", disse o ex-Cavaliere.
Matteo Renzi era prefeito de Florença e assumiu o governo italiano em fevereiro de 2014, após ter manobrado para que sua legenda, o centro-esquerdista Partido Democrático (PD), retirasse o apoio ao então primeiro-ministro Enrico Letta, que também pertence à sigla, mas, em seu curto período no poder, enfrentou uma série de crises políticas.
Sem maioria no Parlamento, Letta foi obrigado a renunciar, abrindo espaço para que o presidente Giorgio Napolitano convocasse Renzi, líder do partido com maior número de membros no Congresso, para formar um novo gabinete.
Atualmente, o PD tem ampla maioria na Câmara, mas no Senado precisa do apoio da Nova Centro-Direita (NCD), legenda formada por dissidentes do Forza Italia (FI) – liderado por Silvio Berlusconi – quando este tentou, sem sucesso, derrubar Letta. O ex-premier ainda instou o atual presidente da Itália, Sergio Mattarella, a dissolver o Parlamento e a convocar eleições. "Estamos em uma democracia suspensa", completou.
Entre 2014 e 2015, Renzi e Berlusconi se aliaram para aprovar uma nova lei eleitoral e o fim do bicameralismo paritário, mas o pacto foi rompido pelo ex-Cavaliere após o chefe de governo ter indicado, sem consultá-lo previamente, o jurista Mattarella para a Presidência da República.