O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, confirmou que os militares que seguem no Afeganistão para coordenar a operação de evacuação não continuarão no aeroporto de Cabul após a retirada total dos Estados Unidos, programada para 31 de agosto.
“Após os americanos deixarem o aeroporto de Cabul, não será possível manter qualquer presença no aeroporto, nem para nós, nem para qualquer país da aliança [Otan]”, declarou o chanceler em audiência nas comissões de Relações Exteriores e de Defesa da Câmara e do Senado.
A Itália mantém atualmente um pequeno contingente de militares e o cônsul Tommaso Claudi para coordenar a evacuação de refugiados afegãos – todos os italianos que pediram para deixar o Afeganistão já voltaram para Roma.
Desde junho, quando entregou sua base militar em Herat, a Itália já evacuou 3.741 afegãos, sendo que 2.659 estão em solo italiano. “O número está destinado a crescer, considerando que cerca de mil afegãos já estão em segurança no aeroporto e embarcarão nos próximos voos italianos”, ressaltou Di Maio.
Durante a audiência, o ministro ainda defendeu a missão da Itália no Afeganistão e rebateu as acusações de que ela tenha sido “em vão”, dada a rápida conquista do país pelo Talibã após a retirada das tropas ocidentais.
“Em 20 anos, contribuímos para manter a estabilidade regional, combater o terrorismo, favorecer a educação, os direitos e a liberdade do povo afegão”, declarou o chanceler.
No entanto, o próprio Di Maio reconheceu que o Talibã já voltou a impor “práticas inaceitáveis, como casamentos precoces e forçados e negar às mulheres os direitos mais básicos, começando pela educação”.
Os Estados Unidos e a Otan ainda negociam uma possível extensão no prazo para evacuação, mas o grupo fundamentalista islâmico já disse que não aceitará a presença das tropas ocidentais além de 31 de agosto.