
Com a expectativa de implementação do Acordo UE-Mercosul em plena em 2026, os efeitos mais imediatos não deverão aparecer apenas nas estatísticas comerciais, mas na infraestrutura que sustenta a economia italiana. E o epicentro desse movimento será o Aeroporto de Roma–Fiumicino.
Com um comércio bilateral avaliado em cerca de € 13,4 bilhões, a capital italiana já desempenha um papel de liderança. E o acordo promete acelerar de forma inédita a circulação de mercadorias, pessoas e investimentos entre a Itália e a América do Sul, especialmente o Brasil, destino prioritário das empresas italianas e principal mercado importador do bloco.
Fiumicino: porta de entrada para a América do Sul
A partir de 2026, Fiumicino deve consolidar-se como a principal porta de entrada para a América do Sul e o mais relevante centro de conexões italianas rumo aos países do bloco. A redução de tarifas – que chegam a 35% sobre vinhos, bebidas, automóveis, roupas e calçados, e até 28% sobre laticínios – abriu uma janela inédita para o made in Italy, que tende a ganhar competitividade imediata no Brasil, na Argentina, no Paraguai e no Uruguai.
A liberalização de aproximadamente 90% das importações de bens industriais e mais de 90% dos produtos agrícolas transformará o bloco em um corredor estratégico para 13 mil empresas exportadoras italianas, muitas das quais nunca conseguiram penetrar plenamente nesses mercados devido a barreiras tarifárias e regulatórias.
Fiumicino será a engrenagem central dessa expansão: o aeroporto poderá funcionar como força motriz da internacionalização das empresas italianas, conectando cadeias produtivas, distribuindo cargas com maior agilidade e articulando novos fluxos logísticos para o eixo brasileiro São Paulo–Rio–Belo Horizonte–Porto Alegre.
O papel da ITA Airways
Os planos de expansão da ITA Airways reforçam esse cenário. A companhia consolidou presença crescente nas Américas, ampliando rotas, capacidade de carga e frequências.
O alinhamento entre a estratégia da ITA e a abertura do acordo UE–Mercosul cria uma convergência inédita: mais demanda, mais carga, mais passageiros e um mercado de exportação em expansão acelerada.
Grande parte desses ganhos depende da capacidade de Fiumicino de absorver o aumento de fluxo comercial e logístico — e é por isso que o aeroporto é considerado peça-chave para transformar o acordo em crescimento concreto.
Um aeroporto preparado para decolar
Para responder ao aumento da demanda, a Aeroporti di Roma (ADR), do grupo Mundys, lançou um Plano Diretor de € 9 bilhões, totalmente autofinanciado, projetado para elevar a capacidade de Fiumicino a 100 milhões de passageiros até 2046.
O estudo conduzido pelo Centro de Pesquisa para Mudanças Estratégicas Franco Fontana da Universidade Luiss Guido Carli estimou impactos impressionantes: € 70 bilhões em valor agregado até 2046 para a economia italiana e aproximadamente 300 mil novos empregos.



