A prefeita de Roma, Virginia Raggi, deu uma coletiva de imprensa para falar sobre a prisão de seu chefe de Departamento Pessoal, Raffaele Marra.
"Provavelmente, nós erramos. Marra já era um dirigente e nós confiamos nele. Fico decepcionada pelos cidadãos romanos, pelo M5S [seu partido] e por [Beppe] Grillo, que demonstrou perplexidade. Substituiremos logo Marra e temos plena confiança na magistratura", disse a prefeita.
No entanto, a queda direita do "braço-direito" de Raggi e membro do núcleo duro do governo, aumentou a pressão para que ela renuncie ao cargo imediatamente. Os pedidos de renúncia vem de todos os membros de outros partidos – de oposição ou até mesmo aliados nas eleições.
O presidente do Partido Democrático (PD), Matteo Orfini, ironizou as declarações da prefeita. "Raggi agora diz que Marra era um funcionário comum e qualquer. Ela não perdeu só seu homem de confiança, mas também o senso de ridículo", disse o opositor do Movimento Cinco Estrelas (M5S).
Já os "aliados" da época eleitoral, o Liga Norte e o Força Itália, também se manifestaram em prol da renúncia. O líder do partido de extrema-direita, Matteo Salvini afirmou que para "a situação de Roma, a única palavra é eleição- e rápida". "Em cinco meses, os 5 Estrelas erraram muito", disse Salvini.
O senador do partido de Silvio Berlusconi, Maurizio Gasparri, afirmou que "casos extraordinários" devem ser relevados, "mas no caso dos Cinco Estrelas, a situação não pode ir até o fundo".
"A prisão de Marra, teimosamente e misteriosamente sempre defendido por Raggi e tantos expoentes dos 'grillinos', impõe um ato de coerência. Os 'grillinos' sempre pediram a renúncia para qualquer um e por qualquer coisa. Que se aplique o mesmo método que evocaram contra os adversários. Imediata renúncia da prefeita Raggi. Que saia ainda hoje", declarou Gasparri.
Além do mundo político, após o anúncio da prisão, dezenas de romanos foram às ruas pedindo a demissão da prefeita.
No entanto, a líder da capital italiana negou que vá desistir do cargo. "Quero ser clara que a administração vai adiante. O doutor Marra não é um expoente político e o meu braço-direito são os cidadãos romanos. E é para eles que trabalhamos sem descanso. Vamos adiante com serenidade", acrescentou.
Essa não é a primeira crise que Raggi enfrenta à frente da Prefeitura. Nesta semana mesmo, uma outra assessora, Paola Muraro, que estava à frente da pasta de Meio Ambiente, deixou seu posto após ser notificada pela Justiça. Ela está sendo investigada por tráfico ilegal de lixo, abuso de poder e fraude.
Antes dela, houve uma série de renúncias causadas pela demissão "via Facebook" da chefe de Gabinete Carla Ranieri. Cinco membros de seu governo pediram uma demissão em massa em protesto.
A campanha de Raggi e do M5S foi baseada em um discurso de combate à corrupção e à falta de transparência, que cativou o eleitorado desencantado com os partidos tradicionais. (Ansa)