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Berlusconi e Umberto Bossi rompem o longo silêncio após resultados negativos nas eleições locais

O primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi e seu principal aliado, Umberto Bossi, líder da Liga Norte, mantiveram silêncio após as eleições municipais, reforçando a sensação de que a maioria governista se conscientizou do resultado negativo.

Ambos só se manifestaram nesta quarta-feira.

O premier italiano garantiu que o governo continua sólido, independentemente do resultado das eleições administrativas.

Ele não se dá por vencido e ainda acredita na possibilidade de reverter os resultados do primeiro turno em favor do PDL. 

A estratégia em Milão, exposta por Berlusconi em uma reunião no Palazzo Grazioli, seria a de mostrar que Giuliano Pisapia (da centro-esquerda) é suportado pelos centros sociais e pela extrema-esquerda. Mas o primeiro-ministro só se envolverá se as pesquisas indicarem margens de sucesso. Sobre as relações com o partido da Liga Norte, seu principal aliado, o premier teria indicado um caminho de decisões mais compartilhadas.

"Não se enganem". Assim, Umberto Bossi respondeu aos jornalistas em Montecitorio que lhe perguntaram se uma derrota no segundo turno em Milão poderia ter um impacto sobre o apoio do partido ao governo. Em Milão? "Nós perdemos", admite o líder da Liga, ao mesmo tempo em que reforça as ambições da coalizão de centro-direita para a votação do segundo turno. 

"O que acontecerá se perderem no segundo turno?", insistem os repórteres. "Não vamos perder, vamos esperar para ver o que acontece". "Certamente não seremos esmagados e não perderemos o pleito", reforça Bossi em sua análise sobre a votação em Milão, respondendo à pergunta se "a Liga vai desistir do PDL em caso de nova derrota nas urnas". "Mas o senhor conversou com Berlusconi? ", perguntam ainda os jornalistas. Bossi se limitou a responder "não".

Oficialmente, Denis Verdini, coordenador nacional do Povo da Liberdade (PDL), o partido do premier, minimizou a extensão dos resultados, alegando que indicam "um empate substancial" entre a centro-esquerda e a centro-direita no país, "deixando de lado Milão que, para nós, foi uma surpresa". Em uma coletiva à imprensa na sede do PDL em Roma, Verdini também admitiu que "esperávamos esse resultado, só que em sentido inverso, a nosso favor".

Na eleição para prefeito da capital econômica da Itália, Letizia Moratti (do PDL, de centro-direita) conquistou 41,58% dos votos, e no segundo turno de 29 e 30 de maio vai enfrentar, em desvantagem, o candidato da centro-esquerda, Giuliano Pisapia (que obteve 48,04%).

O líder do PD (Partido Democrático), Pier Luigi Bersani, comentou que "não sorri ontem em respeito à dor dos meus adversários, mas depois de anunciarem o empate passei a rir com gosto".

O golpe mais duro, como admitiu Verdini, foi em Milão, que há 15 anos era o reduto da centro-direita. A derrota não foi só de Moratti, forçada a ir ao segundo turno com quase 10% de votos a menos do que no primeiro turno das eleições anteriores, mas do próprio Berlusconi.

De fato, o primeiro-ministro colocou sua reputação e seu nome em jogo nas listas municipais do PDL, mas só 27.972 dos eleitores marcaram sua preferência por ele, o que representa pouco mais da metade dos 53.297 que obteve há cinco anos e 16,3% dos eleitores de seu próprio partido.

Trancado em residência particular, de onde só saiu para uma rápida reunião com os responsáveis pelas Nações Unidas, que não podia ser adiada, Berlusconi teria conversado com poucos colaboradores e líderes políticos por telefone, incluindo o seu aliado Umberto Bossi. Uma fonte próxima ao premier disse que o tom da conversa foi "glacial".

Ao duro golpe de Milão, se somam as derrotas no primeiro turno em Turim e Bolonha – a primeira previsível, a segunda nem tanto, enquanto a vitória obtida pelo candidato do PDL em Nápoles para o segundo turno não chegou a atenuar esse gosto amargo.

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