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Prefeita de Roma é hostilizada por visitar família cigana

A prefeita de Roma, Virginia Raggi, foi hostilizada durante uma visita a uma família cigana que ganhou um apartamento popular do poder público em Casal Bruciato, na periferia da cidade.

O bairro é palco de protestos capitaneados pelo movimento neofascista CasaPound desde o início da semana, por conta da decisão da Prefeitura de dar um imóvel a um núcleo familiar de 14 pessoas que viviam em um acampamento nômade na capital.

Raggi, do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), decidiu prestar solidariedade à família com uma visita, mas acabou sendo alvo de ofensas por parte de militantes e moradores de Casal Bruciato. “Nojenta”, “imunda” e “vergonha” foram algumas das palavras dirigidas à prefeita, além de xingamentos sexistas.

Além disso, Raggi teve de sair do bairro escoltada pelas forças de ordem. “Foi dado um alojamento popular que ficou livre há duas semanas para um núcleo familiar de 14 nômades. Os moradores não os querem aqui, sentem medo”, disse um membro do CasaPound no início da semana.

Durante as manifestações, um neofascista ameaçou estuprar uma cigana que entrava no prédio com uma menina nas mãos e escoltada pela polícia – ninguém foi preso pelas forças de ordem. Na última terça (7), um grupo de mulheres disse que gostaria de ver os nômades “enforcados e queimados”. “Vamos chamar Mussolini?”, disse uma delas.

A prefeita Raggi afirmou que a família tem direito a uma moradia popular e está “aterrorizada”. Segundo ela, a visita serviu para apresentar os ciganos a outros condôminos. “Quem insulta crianças e ameaça estuprar mulheres talvez devesse fazer um exame de consciência. Essa não é uma sociedade na qual se possa viver”, disse.

A família viveu por 20 anos em acampamentos nômades e aguardava uma moradia desde 2017. “Ficaremos aqui, é nossa casa. As crianças não foram à escola porque estão com medo de sair”, contou Imcor, chefe do núcleo.

Os neofascistas criticam a concessão de casas populares a ciganos e já mobilizaram moradores da periferia romana em diversas ocasiões. Em abril passado, manifestantes chegaram a roubar os pães que alimentariam um grupo de nômades transferido para um centro de acolhimento no bairro de Torre Maura.

Ciganos são alvo de intensa discriminação na Itália, ainda que tenham nascido no país. O ministro do Interior Matteo Salvini, do partido ultranacionalista Liga, chegou a propor a realização de um “censo” das populações nômades. “Infelizmente, temos de deixar os ciganos italianos aqui”, disse, em junho passado, pouco depois de chegar ao poder.

A iniciativa de Raggi causou irritação no líder de seu partido, o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), Luigi Di Maio.

Segundo fontes ouvidas pela agência Ansa, o ministro do Trabalho disse que primeiro é preciso “ajudar os romanos, os italianos, e depois todos os outros”.

 

 

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