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Ex-mordomo do Papa Bento XVI sai da cadeia após pedir perdão e admitir que agiu sozinho

Paolo Gabriele, ex-mordomo papal, acaba de deixar o regime prisional fechado. Ele desfruta do regime de prisão domiciliar e está proibido de deixar as fronteiras do pequeno Estado do Vaticano.

O ex-mordomo ficou internacionalmente conhecido por subtrair, e entregar a jornalistas italianos e alemães, documentos secretos da Igreja. 

A gota d'água a enfurecer o papa Ratzinger decorreu do lançamento do livro “Sua Santidade”, do jornalista Gianluigi Nuzzi.

O jornalista Nuzzi foi autor do best seller “Vaticano S/A”, que contou — com apoio em documentos até então secretos — as falcatruas na gestão do Banco do Vaticano (IOR), conhecido também por Lavanderia do Vaticano.

Alguns dos documentos vazados jamais chegaram à secretaria de Estado. Ou melhor, os documentos foram tirados da escrivaninha do quarto do pontífice. Por evidente, poucos ingressam no dormitório do papa. 

Assim, a polícia vaticana chegou com facilidade ao mordomo Paolo Gabriele, chamado carinhosamente de “Paoletto” pelas autoridades eclesiásticas e pelos seus concidadãos que habitam o interior das Mura Leonine, construída pelo papa Leão IV, entre 848 e 852 para proteção de ataques de  inimigos.

Paoletto deixou a cela da Gendarmeria do Estado do Vaticano. Como não existe um presídio no Vaticano, ele acabou colocado numa cela do quartel da Guarda Vaticana. Estava preso em cela fechada desde 23 de maio.

Além do processo criminal que tramita pela Justiça do Estado do Vaticano, o papa Bento XVI constituiu uma comissão de purpurados para apurar eventual envolvimento de prelados da Igreja. Essa comissão é presidida pelo cardeal Julián Herrans Casado.

Na véspera de deixar a cela fechada, Paoletto enviou ao papa Ratzinger uma carta. Nela reconhece a culpa e pede perdão. 

O seu advogado, Carlo Fusco, sabe da carta, mas disse desconhecer seu conteúdo. Frisou tratar-se de manifestação pessoal endereçada ao pontífice a quem serviu. A propósito, Paoletto foi mordomo do papa Ratzinger e do anterior Wojtyla.

Fusco, por evidente, conhece o conteúdo da carta de Paoletto. A carta faz parte de uma estratégia: se for perdoado pelo papa, o processo criminal será arquivado, sem condenação.

Paoletto confessou ter agido sozinho. Deixou claro que não fazia parte de um grupo de conspiradores para derrubar o papa Bento XVI.

Para muitos vaticanistas (jornalistas e setoristas especializados em coisas do Vaticano), chegou-se a uma fórmula ideal para colocar fim ao escândalo. Terminar tudo em pizza, como se diz no Brasil.

Dessa maneira, ficam enterradas, formalmente, as suspeitas. Até sobre o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado. 

Na semana passada, jornais alemães e italianos citaram, como suspeitos de complô e co-autores das fugas de notícias por meio dos documentos subtraídos por Paoletto, o cardeal Paolo Sardi, o “ghostwriter” de Ratzinger e o bispo Joseph Clemens, ex-secretário pessoal de Ratzinger.

Pano Rápido com pizza vaticana. Paoletto, já rebatizado de corvo (jargão de traidor), agora é um “pentito” (arrependido). O difícil é acreditar que, como católico fervoroso, tenha agido sozinho. De forma escoteira. Sem integrar um grupo interessado em abreviar o pontificado de Bento XVI e com sucessor na manga das batinas.

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