
A cidade de Milão recebe a Décima Segunda Edição do Festival Agenda Brasil, que reúne na capital econômica da Itália o melhor da produção cinematográfica do país sul-americano, na esteira da redescoberta da sétima arte brasileira em função de sucessos como “Ainda estou aqui”.
Em cartaz até 6 de novembro no Anteo Palazzo del Cinema, em pleno centro de Milão, o evento tem na programação nove filmes de ficção e cinco documentários que compõem um panorama do cinema contemporâneo do Brasil e abordam temas universais, embora marcados por uma forte identidade nacional.
Várias exibições também serão acompanhadas por debates com diretores e protagonistas das produções, e ainda estão previstas diversas atividades paralelas, como passeios guiados, workshop de dança e concertos musicais.
“O cinema brasileiro finalmente começa a ter um reconhecimento maior e mais contínuo do público internacional, e essa é nossa missão”, disse à agência Ansa Regina Nadaes Marques, diretora da Associação Vagaluna, que realiza o evento.
Com o lema “Brasil presente!”, o festival busca refletir a reinserção da maior nação do Hemisfério Sul no cenário internacional após “anos difíceis”, segundo Marques, e apresenta uma filmografia que abrange de norte a sul do país e vários de seus biomas.
“Agreste”, de Sérgio Roizenblit, por exemplo, narra uma história de amor proibido em meio à escassez hídrica no Nordeste; já “Enquanto o céu não me espera”, de Christiane Garcia, aborda os impactos de inundações impulsionadas pela crise climática em uma família de agricultores na Amazônia.
Como de hábito, o festival também confere atenção especial à música, incluindo um documentário de Alessandra Dorgan sobre Luiz Melodia e outro de Lucas Weglinski sobre Léa Freire, a “Villa-Lobos contemporânea”. Já a abertura, em 30 de outubro, caberá ao longa “Vitória”, de Andrucha Waddington e Breno Silveira e estrelado por Fernanda Montenegro. Dois júris especializados irão eleger os melhores filmes em competição, e o público também poderá votar em seus favoritos.
“O que a gente tem notado é o quanto o cinema brasileiro tem enfrentado cada vez mais temas universais, mas colocados dentro do nosso contexto, e isso é muito atraente para o público”, explicou Marques.
Ao longo dos últimos anos, produções de sucesso despertaram novamente o interesse pelo cinema brasileiro na Itália, movimento que ganhou força com o sucesso de “Ainda Estou Aqui”, obra de Walter Salles premiada com o Oscar de melhor filme internacional e com o Globo de Ouro de melhor atriz para Fernanda Torres.
“É um filme muito amado pelos italianos, então ele abriu ainda mais o caminho para esse reconhecimento”, afirma a diretora da Vagaluna.
Marques mora na Itália há cerca de 35 anos e, ao lado de outras pessoas, fundou a associação para dar sequência a uma bem-sucedida mostra de cinema organizada pelo extinto Instituto de Cultura Brasileira de Milão, que contou com seis edições e foi o embrião do Agenda Brasil. “O instituto fechou, mas mantivemos a boa relação com a Prefeitura e o Consulado e decidimos transformar a mostra em um festival competitivo”, afirmou.
Em sua 12º edição, o evento está consolidado do calendário cultural de Milão e também possui ramificações em outras cidades italianas: em 2025, versões reduzidas do Agenda Brasil serão levadas a Turim (1º e 2 de novembro), pela quinta vez, e Roma (10 e 11 de novembro), onde não marcava presença desde 2019.
“Também queremos voltar a Gênova e já conversamos com Bolonha e Trieste. Toda vez que temos oportunidades, estamos sempre abertos”, assegurou Marques. Apenas em Milão, o Agenda Brasil recebe cerca de 2 mil pessoas por edição, um público composto 75% por italianos, mas com presença crescente de brasileiros desejosos de descobrir o próprio cinema.



