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Cônsul da Itália em Recife divulga comunicado oficial para a “Rádio Italiana”

O cônsul italiano em Recife, Francesco Piccione, disponibilizou para a Rádio Italiana um dos primeiros discursos oficiais que fez para a comunidade italiana da região nordeste do Brasil.

 

Piccione, há poucos meses no comando do consulado, está encantando os italianos e descendentes da região devido ao seu dinamismo e objetividade em resolver os problemas, e também porque segundo ele mesmo "vou atrás das pessoas e não fico esperando em meu gabinete não serei um cônsul de sala de reunião".

 

Vejam o comunicado oficial do cônsul Francsco Piccione

 

“Não serei um cônsul de gabinete”

As idéias de Francesco Piccione, o novo representante da Itália para o Norte/Nordeste

 

Expert em África (curioso sobre o Brasil). Pai siciliano, mãe somali. Trinta anos de experiência. Congo, Cairo, Senegal, Córsega, Recife. Apaixonado por literatura, dono de duas editoras que apostam em novos autores. Projetos inclusive para os estreantes do Norte/Nordeste brasileiro. O novo cônsul da Itália Francesco Piccione é puro entusiasmo. De saída afirma que não é um diplomata de gabinete e que, como alguém que vem de fora, tem especial sensibilidade em relação aos italianos do exterior.

 

Toca de imediato o tema da recuperação da cidadania. Certo, o direito de votar é um uma conquista, totalmente justo. Ma se durante anos se fez de conta que não existiam e agora se dá semelhante passo adiante, em nada modifica o fato de que é preciso construir uma ponte entre ser ignorado e a entrada triunfal dos descendentes no sistema político. “É necessário ligar o passado ao presente, encher o vazio cultural. Porque o passaporte é apenas ‘algo a mais’”.  O que importa realmente é ter em mãos a possibilidade de conhecer os nuances culturais e lingüísticos de um país que se abre, mas que deve também preparar a sala de visitas para receber os convidados, mesmo sendo estes de casa. Explica-se com exemplos: “A União Européia não existe, mas a moeda sim. Fizemos a Itália em 1860, façamos agora os italianos.”

 

A idéia é aproximar-se sempre mais das instituições existentes: Comites, Dante Alighieri, Casa D’Itália, ICIF. Reforça-las, abrir as portas. Para aprender a língua, mas não apenas e não como condição. Sobretudo para reunir italianos e não italianos. “Falta um investimento forte e continuado para que a Itália realmente faça parte da vida daqueles que são italianos e brasileiros ao mesmo tempo. Na Somália, que era colônia italiana, não conseguimos manter a língua presente”, reconhece. Porém, para Piccione, dinheiro não é o x do problema. A experiência na África o faz enxergar mais longe: sem dinheiro, aposta-se nas pessoas. “É inacreditável, mas coisas que algumas freiras no Senegal, com a ajuda de voluntários, conseguiam fazer por inúmeras crianças nunca se compararam ao que fazia outra instituição com altos orçamentos.”

 

As pessoas. Eis o ás na manga. Na sua primeira Festa Nacional como cônsul em Recife, Piccione arregaçou as mangas. Jornada “Portas Abertas”, dia 02 de junho, na Dante Alighieri, reúne entidades como o Patronato e o Inas. Restaurantes presentes. Gente. Dança. Região homenageada: a Sicília. Cabe a pergunta: Sicília porque o cônsul e o presidente Comites/Intercomites são sicilianos? “Não…e talvez sim, quantos sicilianos não se sentiram homenageados?”

 

As diretrizes da Farnesina, sede do Ministério das Relações Exteriores, para todos os diplomatas são precisas: façam parte do lugar. Diretrizes que vão de encontro a um pessoal modo de pensar. Piccione afirma que, mesmo às próprias custas, pretende conhecer toda a enorme circunscrição. Existirão e serão criadas ocasiões para corresponder ao empurrãozinho do Ministério. “Em vez de férias nas Bahamas, que inclusive já conheço, dou um pulo em Manaus”. Diz em tom de brincadeira. Mas pensa realmente em fazer isto.

 

Deseja falar e sobretudo ouvir. Todos, segundo ele, precisam ser ouvidos. Não larga o  telefone de emergência. Uma linha direta resolverá o problema das ligações não atendidas no consulado. Aposta nos colaboradores, os quais define um time de altíssimo nível. Tem orgulho dos resultados obtidos em relação aos processos de reconhecimento da cidadania. “Aceleração de 45%. Em termos absolutos não é muito, mas percentualmente é notável. Estamos recuperando o atraso”. Piccione é a favor de práticas e critérios gerenciais para defender interesses públicos dentro da rotina consular.
Presença e ouvidos abertos sim. Mas do que mais precisam os ítalo-brasileiros e aqueles que chegam agora? “Diria que todos querem um ponto de encontro. Que os empreendedores querem cooperação, querem difundir os produtos regionais, colocar na mesa o queijo italiano e o vinho brasileiro. Que os donos de restaurantes querem um marco distintivo de qualidade e autenticidade quando se propõem a oferecer um menu regional.  Que os artistas gostariam de confrontar idéias. Que os voluntários /missionários querem um Estado italiano mais humano e a propósito darei pessoalmente a primeira medalha de honra a uma freira italiana próximo dia 16 de julho. Não que ela precise disto, talvez eu mesmo me sinta mais orgulhoso deste gesto, mas é importante demonstrar para a comunidade o quanto o Estado reconhece e aplaude o trabalho que ela faz.” 

 

Em relação aos idosos faz questão de dizer que não é a favor de acordos para oferecer assistência médica dentro da circunscrição. Mais eficaz seria a extensão da pensão ao exterior igual àquela recebida na Itália. Mas voltemos especialmente aos ítalo-brasileiros jovens. “Para estes, propor encontros que dêem vida a uma liga que por sua vez dará vida a palavras como direito, sangue, língua, cultura. Sei que em Belo Horizonte, após muito suor, conseguiram fazer quermesses, porque não tentar o mesmo aqui?. O ano de 2011 será o ano da Itália no Brasil, espero até lá conseguir acender os refletores dentro da comunidade. Na minha opinião, a oferta fará nascer a procura.” Normalmente a permanência é de quatro anos, mas Francesco Piccione diz querer ficar o maior tempo possível. O que há por fazer não o amedronta. Pelo contrário, se sente em casa. A influência africana por estas bandas o deixa curioso. Mas, ao mesmo tempo, adverte: é pela comida que se conhece um povo e a dele é sempre tricolor. Branca, vermelha, verde. Um cônsul in loco. Não importa o lugar.

 

Transcrição: Maria Cristina França Rocha, assessora de imprensa do COMITES de Recife

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