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Berlusconi promete ficar no poder; tensão preocupa analistas

Em tom desafiador, o primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi prometeu governar com "mais determinação ainda" depois que o principal tribunal do país cancelou sua imunidade, e disse que as acusações de corrupção contra ele são "risíveis."

 

Analistas políticos e econômicos, no entanto, advertiram que a tensão motivada pela decisão de quarta-feira do Tribunal Constitucional poderia desestabilizar o cenário político e contaminar a economia.

 

"O governo avançará com calma e tranquilidade e ainda mais determinação do que antes porque isso será absolutamente indispensável para a liberdade e a democracia neste país," disse Berlusconi, em entrevista matinal a uma rádio.

 

Em um duro golpe ao líder de 73 anos, o tribunal determinou que a lei que lhe concedia imunidade judicial enquanto estivesse no poder viola a Constituição. O veredicto reabrirá dois processos contra ele que haviam sido suspensos.

 

Berlusconi também foi atingido por uma série de escândalos relacionados à sua vida privada, incluindo acusações de que um empresário teria pago mulheres para dormir com ele. Em maio, a mulher do premiê anunciou que queria o divórcio por causa de sua promiscuidade.

 

Berlusconi respondeu atacando o presidente da Itália, a imprensa, os magistrados e o Tribunal Constitucional, os quais acusou de serem esquerdistas conspirando contra ele.

 

"As duas ações contra mim são falsas, risíveis, absurdas e mostrarei isso aos italianos indo à televisão, eu me defenderei na corte e farei meus acusadores parecerem ridículos e mostrarei a todos do que eles são feitos e do que eu sou feito," afirmou ele.

 

O presidente do Banco da Itália, Mario Draghi, tentou minimizar a preocupação dos economistas, dizendo que os "acontecimentos políticos recentes não terão nenhuma consequência para o cenário econômico."

 

Analistas afirmam, no entanto, que o veredicto deve enfraquecer Berlusconi e tornar menos provável a tomada de decisões políticas econômicas duras, quando a terceira maior economia da zona do euro se esforça para se recuperar da pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial.

 

"Berlusconi muito claramente está chegando ao fim da linha como líder político…(Essa decisão judicial) com certeza não é o fim, mas é outro prego no caixão," disse o cientista político James Walston, professor da Universidade Americana de Roma.

 

"O que já vem acontecendo ao longo dos últimos meses é que a centro-direita está começando a procurar quem irá assumir o cargo," acrescentou ele.

 

Um sinal de como o apoio a Berlusconi poderia se tornar precário foi uma advertência feita pelo presidente da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini, de que o premiê precisa "respeitar o Tribunal Constitucional e o chefe de Estado."

Fini, o principal candidato para suceder Berlusconi, tem criticado com frequência os acessos de Berlusconi.

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