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Em discurso na Sinagoga de Roma, Papa Bento XVI condena Holocausto

O papa Bento XVI condenou, em discurso proferido na Sinagoga de Roma, o Holocausto promovido contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial, mas defendeu a atuação dos cristãos diante do extermínio cometido pelos nazistas.

 

"O drama particular e chocante da Shoah [Holocausto] representa o ápice de um caminho de ódio que nasce quando o homem esquece o seu criador e se coloca no centro do universo", analisou Bento XVI ao tomar a palavra no templo judaico.

 

Antes de entrar na Sinagoga de Roma, o papa prestou uma homenagem aos 1.021 judeus de Roma que foram entregues aos campos de concentração nazistas em outubro de 1943 e reconheceu que "infelizmente, muitos [cristãos] ficaram indiferentes".

Por outro lado, o Pontífice enfatizou que "muitos, mesmo entre os católicos italianos, sustentados pela fé e pelo ensinamento cristão, reagiram com coragem, abrindo os braços para socorrer os judeus". Bento 16 lembrou que muitos católicos chegaram a arriscar a própria vida.

"Neste lugar, como não lembrar os judeus romanos que foram arrastados destas casas, diante destas paredes, e com horrendo martírio foram mortos em Auschwitz? Como é possível esquecer seus rostos, seus nomes, as lágrimas, o desespero de homens, mulheres e crianças?", exclamou.

A comunidade judaica acusa Pio XII, cujo pontificado foi de 1939 a 1958, de se omitir em relação ao extermínio dos judeus na Segunda Guerra Mundial.

Os atritos entre líderes dos dois credos se intensificaram desde dezembro, quando Bento 16 assinou um documento atestando as "virtudes heróicas" de Pio 12, o que representa um passo importante em seu processo de beatificação.

Durante a visita de hoje, o papa ressaltou que "cristãos e judeus têm uma grande parte de patrimônio espiritual em comum, rezam para o mesmo Deus, têm as mesmas raízes, mas continuam desconhecidos um do outro".

O líder católico enfatizou, por outro lado, que "os passos dados nestes 40 anos pelo Comitê Internacional Conjunto Católico-Judaico e, nos últimos anos, pela Comissão Mista da Santa Sé e do Grão-Rabinado de Israel são um sinal da vontade comum de continuar um diálogo aberto e sincero".

Esta é a segunda visita de um papa à Sinagoga de Roma. A primeira ocorreu em 13 de abril de 1986, quando João Paulo 2° se tornou o primeiro Pontífice a entrar em um templo judeu. A visita de hoje também é a terceira de Bento 16 a uma sinagoga – ele já esteve na de Colônia, em 2005, e na de Nova York, em 2008.

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