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Cresce número de italianos que procuram eutanásia na Suíça

O número de italianos que procuram a prática da eutanásia e do suicídio assistido em associações e centros de saúde na Suíça tem sofrido um grande aumento.

"Os italianos buscam uma morte doce", afirmou Emilio Coveri, presidente da associação Exit Italia, entidade que promove o direito a uma "morte digna". "Recebemos de 70 a 90 chamadas por semana", acrescentou.   

Na Suíça, há quatros associações que fazem esse serviço: Lifecircle-Eternal Spirit, em Basileia, Exit International, em Berna, Dignitas, em Zurique, e Exit Itália, no cantão de Ticino, de língua italiana. Para solicitar eutanásia ou o suicídio assistido na Suíça, os pacientes devem apresentar registros sobre seu estado de saúde para que o pedido seja avaliado por uma junta médica local.   

Geralmente, as pessoas que decidem colocar um fim à própria vida sofrem de doença incurável, algo que provoca um grande sofrimento físico e emocional. Entretanto, a Suíça faz uma seleção rigorosa dos doentes: somente 10% das demandas são analisadas, e a metade destas, aceita. "São escolhas muito delicadas e pessoais que podem mudar com o tempo, mas o importante é ter a possibilidade de escolha", afirmou Coveri.   

A prática é utilizada para abreviar a vida de doentes de maneira controlada e pode ser dividida em dois grupos: a "eutanásia ativa", quando são utilizados injeção letal ou medicamentos em dose excessiva, e a "eutanásia passiva", quando a morte ocorre por falta de recursos para manutenção das funções vitais, como água, alimentos, remédios ou cuidados médicos.   

A morte por eutanásia é proibida em vários países ao redor do mundo, inclusive na Itália. O Parlamento da península discute atualmente um projeto de lei para legalizar a prática no país, mas o texto caminha a passos lentos. A proposta prevê que os médicos terão de respeitar a vontade do paciente, caso se trate de um maior de idade com "capacidade de discernimento".   

A Igreja Católica, no entanto, diz "não" à eutanásia. Em um apelo, o presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), cardeal Angelo Bagnasco, afirmou que "é preciso abraçar a vida em todas as suas fases".   

Em entrevista à ANSA, ele disse que "a vida é sagrada, e a Igreja está dolorida e preocupada" por causa da morte do menino belga, em referência à primeira eutanásia em um menor de idade, ocorrida no último domingo (18), na Bélgica.   

O papa Francisco também já criticou essa prática diversas vezes e afirmou que ela gera uma "falsa compaixão". "A vida humana é sempre sagrada e de qualidade. Fiquem atentos: fazer experimentos com vidas, brincar com vidas, é um pecado contra Deus, o Criador", ressaltou o Pontífice.   

Já na Holanda, 4 mil pessoas pedem a eutanásia por ano, e cerca de 1,5 mil concluem o procedimento. Na Suíça, existem 400 casos anualmente, mas a maioria com estrangeiros. Por sua vez, França e Espanha proíbem a eutanásia ativa, e a passiva só pode ser praticada com autorização médica.   

Em países como Reino Unido, Irlanda, Grécia e Romênia, a técnica é crime passível de punição, com penas que chegam a 14 anos de prisão. (Ansa)

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