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ELEIÇÕES ITALIANAS: Silvio Berlusconi consegue uma inesperada volta ao cenário político da Itália

O ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi conseguiu uma inesperada volta ao cenário político na Itália. Pressionado por escândalos, tido como responsável pela crise de dívida do país e abandonado pelos seus tradicionais aliados, Berlusconi, de 76 anos, parecia ter saído do cenário de vez há alguns meses, quando prometeu abandonar a política “por amor à Itália”.

No entanto, ele não manteve a sua promessa. E na segunda-feira ele silenciou os mais céticos e chocou os mercados financeiros quando sua coalizão conservadora obteve votos suficientes para bloquear a governabilidade do seu adversário no Senado. Na Câmara Baixa, Berlusconi chegou muito perto da vitória, um cenário considerado impensável há dois meses.

O resultado provavelmente não o levará de volta ao cargo de primeiro-ministro. Mas ele se posicionou, pelo 19º ano consecutivo, como figura de destaque na vida política italiana. “Todos temos de refletir sobre o que podemos fazer pela Itália e o país não pode ficar sem governo”, disse ele, em seus primeiros comentários sobre os resultados da eleição.

Segundo ele, a possibilidade de ter novas eleições em alguns meses “não é útil”. Alguns analistas interpretaram a fala de Berlusconi como uma pressão ao adversário Partido Democrático, de Pier Luigi Bersani, para formar um governo unido focado em mudar a lei eleitoral do país e introduzir as reformas econômicas que a Itália precisa para impulsionar o crescimento.

“Ele está dizendo que a Itália precisa de um governo e não pode ficar sem esse governo”, disse Franco Pavoncello, professor de política da John Cabot University, em Roma. “Este é um país que precisa de governo. Se conseguirem formar uma grande coalizão, no estilo da Alemanha, isso pode durar alguns anos.” Ainda não está claro se Berlusconi e Bersani podem superar suas diferenças e governar juntos o país.

As já existentes divisões foram aprofundadas durante a campanha eleitoral, quando Berlusconi chamou os democratas de “comunistas” e Bersani ameaçou colocar a rede midiática da família de Berlusconi sob investigação, se fosse vitorioso. A enxurrada de aparições na televisão protagonizadas por Berlusconi revoltou seus críticos, mas acabou mobilizando sua base – constituída principalmente por pequenas empresas e profissionais liberais – que pensavam em abandonar a votação até a volta de Berlusconi à cena.

“Ele voltou à televisão como aquele cara que todo mundo conhece”, disse Alessandro Campi, professor de ciências políticas da Universidade de Perugia. “Ele plantou uma semente na imaginação pública.” Berlusconi também tem a habilidade de transformar aparentes fraquezas em forças políticas. Muitos economistas e investidores acreditavam que ele havia se tornado completamente desacreditado aos olhos dos italianos quando, no fim de 2011, foi forçado a entregar o poder ao governo emergencial do primeiro-ministro, Mario Monti.

No entanto, Berlusconi respondeu ao fato culpando os aumentos de impostos e cortes em pensões introduzidos por Monti como responsáveis pelos problemas econômicos do país. “Ele dizia que a crise foi criada por outra pessoa. Ele tem essa incrível capacidade de criar uma nova narrativa”, disse Pavoncello. Carlo Balzerano, consultor financeiro de 36 anos, disse que Berlusconi conquistou seu voto porque “as únicas coisas que importam para os italianos são a criação de empregos e as reduções de impostos. Berlusconi é o único que fala dos problemas concretos enfrentados pelo italianos”. 

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