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Há 10 anos, novela “Esperança” explorava imigração italiana no Brasil – Por Marcio Maia

Benedito Ruy Barbosa lembra até hoje com emoção de uma de suas fases mais conturbadas na vida. Foi em 2002, enquanto escrevia Esperança, que perdeu a mãe e um irmão. Com problemas sérios pessoais e de saúde, chegou a fumar quatro maços de cigarro por dia. E precisou se afastar de sua novela. Com isso, mudaram-se os rumos de vários personagens, que tiveram seus destinados traçados por Walcyr Carrasco a partir do capítulo 149.

"Até aquele momento, só tenho alegrias para recordar. Mas, depois, o Walcyr optou por tomar um novo caminho, mexendo inclusive nos finais que eu tinha definido. Fiquei tão triste que nem assisti aos últimos capítulos", lembra Benedito, que se prepara para estrear no segundo semestre de 2013 Velho Chico, sua próxima novela das 21 horas.

Assim como Terra Nostra, grande sucesso do autor, Esperança retratou a vida de imigrantes no Brasil. Desta vez, um drama encabeçado pelo italiano Tony, vivido por Reynaldo Gianecchini. Ele deixa sua família e namorada em busca de uma vida melhor em terras brasileiras e se casa com a judia Camille, de Ana Paula Arósio.

Mas sua rotina se desestrutura depois que Maria, papel de Priscila Fantin e grande amor do rapaz, vem da Itália junto com o marido e um filho que, na verdade, é de Tony. "Tenho orgulho dessa época porque fui chamada com 18 anos para esse trabalho. E eu ficaria apenas nos 18 primeiros capítulos, depois a Maria morreria. Acabou que o Benedito mudou a sinopse e fiquei entre os protagonistas", recorda Priscila, que se manteve na trama porque cativou o autor e o diretor Luiz Fernando Carvalho. "Ela fez um trabalho tão bom naquele início que percebi que não poderia perder uma atriz daquele porte", elogia Benedito.

Até hoje Benedito ouve perguntas a respeito de como surgiu a ideia de escrever Esperança. Segundo ele, a emissora italiana que exibiu Terra Nostra teria pedido uma continuação à Globo, tamanho o sucesso que a história fez por lá. Mas Benedito garante que, apesar de abordarem alguns temas parecidos, as novelas não têm essa relação direta. Mas também foi gravada na Itália, o que agradou em cheio novamente os telespectadores de lá. "Para mim, foi ótimo. Eu fiquei 17 capítulos e passei um mês gravando na Toscana. Pouca coisa minha foi rodada em estúdio", rememora Antônio Fagundes, que viveu Giuliano, pai da mocinha Maria, que morria na primeira fase da trama.

Além das gravações na Itália, Esperança usou como locações fazendas do interior de São Paulo. Na trama, os italianos compravam terras de barões de café falidos depois da quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929. Para isso, parte do elenco chegou a passar mais de 20 dias direto gravando sequências antes de a novela estrear. "Depois, com a história já no ar, voltamos pelo menos umas duas vezes. Lembro que fui a duas fazendas: uma em Araraquara e outra perto de Campinas", explica Simone Spoladore, que interpretou Caterina no folhetim.

Esperança marcou também a pausa na carreira de Luiz Fernando Carvalho como diretor de novelas. Desde então, ele só se dedica a projetos curtos, como minisséries e seriados. Mas isso deve mudar em breve. A parceria entre ele e Benedito Ruy Barbosa deve ser restabelecida em Velho Chico. A sinopse, inclusive, já está nas mãos do diretor e Eriberto Leão está reservado para interpretar um dos personagens principais da história, assim como Antônio Fagundes. "Tomara que isso aconteça mesmo. Assim, repetirei com o Benedito e o Luiz esse encontro que deu tão certo em Renascer, O Rei do Gado, Terra Nostra e Esperança", torce Fagundes. Por Marcio Maia

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