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Governo italiano tem provas de que o ditador líbio Muamar Kadafi simulava morte de civis

O ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, afirmou que Roma tem provas de que o ditador líbio Muamar Kadafi "mascarava" cadáveres para culpar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pela morte de civis.

Em entrevista à imprensa italiana, o chanceler disse que a Itália tomou conhecimento de mensagens e comunicados de autoridades líbias com ordens para "mascarar cadáveres militares com roupas de civis para que a culpa da matança recaísse sobre a Otan".

A aliança militar tem atuado na Líbia, com a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para proteger os civis dos confrontos entre forças leais a Kadafi e rebeldes que tentam derrubar o governo.

Segundo Frattini, também há provas de que o ditador, que está há mais de 40 anos no poder, queria transformar a ilha de Lampedusa em um "inferno".

O embaixador líbio na Itália, Abdulhadef Gaddur, confirmou a versão do chanceler e disse que Kadafi incentivava a imigração clandestina como forma de punir a Itália por ter apoiado as resoluções da ONU.

A ilha, que fica no sul da Itália, é conhecida por ser um dos principais destinos de imigrantes, principalmente vindos da África. O fluxo de estrangeiros e refugiados aumentou com os conflitos políticos em alguns países, como Tunísia, Egito e Líbia.

De acordo com Frattini, Kadafi teria ordenado a colocação "de milhares de desesperados em barcos" com destino a Lampedusa para "implantar o caos na ilha".

A Líbia, que foi ocupada pela Itália por cerca de 30 anos, possuía vários acordos com Roma firmados durante o regime de Kadafi.

Um dos principais tratados refere-se à imigração e foi assinado em 2008. Com ele, Trípoli ficava responsável por auxiliar no combate às saídas de imigrantes ilegais de sua costa marítima e se responsabilizava também por repatriar os refugiados para seus países de origem.

Nos últimos anos, Kadafi fez uma série de viagens à Itália, como em junho de 2009 e agosto de 2010. Nas ocasiões, o líbio proclamou uma nova era nas relações entre os dois países.

Frattini disse que a "ruptura" entre o governo do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, e o de Kadafi foi "terrível", pois o premier o considerava um amigo e "depois o viu matar mulheres e crianças".

Berlusconi e o Frattini se reuniram ontem em Milão com o líder do Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia, Mahmoud Jibril.

Durante o encontro, o governo italiano anunciou o descongelamento de uma parcela de 350 milhões de euros dos fundos líbios e a criação de um Comitê Itália-Líbia para tratar de assuntos comuns.

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