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Presidente dos EUA, Barack Obama, agradece Papa Francisco por ter mediado relação com Cuba

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, agradeceu o papa Francisco por ter mediado a retomada das relações diplomáticas de seu país com Cuba, rompidas há mais de meio século. "Somos gratos pelo impagável apoio dado ao nosso 'novo início' com o povo cubano", disse Obama, em um discurso nos jardins da Casa Branca, ao lado do líder da Igreja Católica, que está em sua primeira visita oficial ao EUA, iniciada ontem. No ano passado, Havana e Washington anunciaram o desgelo das relações e a reabertura das embaixadas, em um processo histórico que foi mediado por representantes do Vaticano.

O Papa, que antes de visitar os EUA passou quatro dias em Cuba, onde se reuniu com o presidente Raúl Castro e seu irmão Fidel, discursará no Congresso norte-americano, onde destacará a importância de acordos bilaterais, em uma sinalização pelo fim do embargo econômico à ilha, rejeitado pelos republicanos.

Em seu discurso, Obama definiu Francisco como uma pessoa de "coragem, simplicidade e generosidade", e um líder que deve ser seguido como "exemplo". Recordando que Jorge Mario Bergoglio é o primeiro Papa originário da América, e brincando que também foi o primeiro a divulgar sua encíclica pelo Twitter, Obama disse que Francisco faz as pessoas perceberem que dinheiro e poder não são atributos importantes.

"O jardim da Casa Branca nunca esteve tão lotado. Mas o espírito dessa reunião é somente uma pequena demonstração dos 70 milhões de católicos norte-americanos e do modo com que a sua mensagem de amor e de esperança inspirou tantas pessoas ao redor do mundo. É uma honra e um privilégio dar-lhe as boas-vindas aos Estados Unidos", enfatizou o mandatário. Referindo-se às crises imigratórias que atualmente atingem a Europa e que já foram alvo de polêmicas nos EUA com a chegada de mexicanos, Obama comentou que "o Papa nos lembra que a mais potente mensagem de Deus é a misericórdia". "E isto significa acolher o estrangeiro com empatia e com o coração realmente aberto, pois tratam-se de refugiados que fogem de suas terras, laceradas pela guerra, ou imigrantes que deixam suas casas em busca de uma vida melhor", disse. Ainda em seu discurso, o líder norte-americano citou a encíclica (mais importante documento autoral de um Papa), publicada em maio. Intitulado "Laudato Sí" (Louvado Seja), o documento redigido por Francisco fala sobre as mudanças climáticas e a escassez de alimentos, além de fazer uma dura crítica ao modelo econômico atual de exploração de recursos naturais. "Você nos recordou que temos uma obrigação sagrada de proteger o planeta, presente magnífico de Deus. Nós apoiamos o seu apelo dirigido a todos os líderes mundiais para sustentar as comunidades mais vulneráveis às mudanças climáticas e para nos unirmos na preservação do nosso precioso mundo às gerações futuras", disse Obama. Discursando em inglês – idioma que treinou durantes as férias – o Papa argentino também elogiou Obama em sua iniciativa contra as mudanças climáticas, divulgada em agosto e considerada o maior plano contra emissões de gases poluentes já elaborado pelos EUA.

"Senhor presidente, acho promissor que tenha proposto uma iniciativa para a redução do aquecimento global", comentou o Pontífice. "Considerada a urgência, parece claro que a mudança climática é um problema que não pode ser deixado para as futuras gerações", acrescentou. "Citando as sábias palavras do reverendo Martin Luther King, podemos dizer que temos sido inadimplentes em alguns aspectos, e agora chegou o momento de honrá-los", disse o Papa. Apesar da clara menção de Obama à retomada diplomática com Cuba, Francisco foi sutil ao tocar neste assunto no discurso. "Os esforços para a recente reconciliação das relações e para a abertura de novas vias de cooperação dentro da família humana representam positivos passos para a justiça e liberdade", comentou o líder católico. Ele também fez um apelo para que "todos os homens e mulheres de boa vontade dos EUA apoiem os esforços da comunidade internacional para proteger os mais fracos no mundo e promover modelos integrais e inclusivos de desenvolvimento". Francisco encerrou seu pronunciamento dizendo "Deus, abençoe a América" e arrancando aplausou das milhares de presentes. Quebrando o protocolo da Casa Branca, uma pessoa gritou "We love you, Pope Francis" ("Nós amamos você, papa Francisdo") quando o Pontífice encerrou sua pregação. O líder católicou desembarcou ontem em Washington e foi recebido por Obama e sua família, incluindo a primeira-dama Michelle e suas filhas Sasha e Malia.

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