
Uma freira brasileira acionou a Justiça da Itália por difamação e calúnia após ter sido afastada do comando de mosteiros depois de ter sido acusada por uma carta anônima de maus tratos, desvio de recursos e de manipulação de outras religiosas.
A Irmã Aline Pereira Ghammachi era madre-abadessa do Mosteiro San Giacomo di Veglia, em Vittorio Veneto, no norte da Itália, e foi destituída em abril passado, levando cinco religiosas a fugirem do local “por forte tensão psicológica”.
O estopim do caso em San Giocomo di Veglia teve início em janeiro de 2023, quando uma carta anônima foi enviada ao falecido papa Francisco com denúncias de má gestão contra Ghammachi.
Com 34 anos, a brasileira tornou-se responsável por quatro mosteiros em diferentes regiões da Itália.
Em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, na noite do último domingo (29), ela esclareceu que a conquista não foi bem recebida pelo abade geral Mauro Giuseppe Lepori por ter sido considerada “bonita demais para ser freira”.
A irmã Aline, que nega todas as acusações contra ela, alega ser vítima de “perseguição”. “Desde sempre, a questão de ser jovem, de ser bonita, tudo isso já pesava. E só foi somando. ‘A tua beleza não ajuda, não é boa…’. Era um contexto mais para ridicularizar”, afirmou a religiosa.
Na entrevista ao Fantástico, Aline revelou que a denúncia anônima desencadeou uma série de investigações e visitas ao mosteiro de Vittorio Veneto, onde ela vivia com outras 18 monjas em clausura. Entretanto, garantiu que a carta enviada a Jorge Bergoglio foi escrita pela freira responsável pelas noviças no monastério, com mais outras três freiras.
A brasileira contou ainda que tem prints e vídeos que provariam que a mesma freira acessava sites de pornografia no computador coletivo e no celular da comunidade.
Já entre as iniciativas que teriam desagradado o abade geral está a venda de uvas do mosteiro para a produção de prosecco, um tipo de espumante italiano natural da região. De acordo com Aline, a prática, comum em mosteiros ao redor do mundo, tinha como objetivo garantir autonomia econômica.
Para a advogada de irmã Aline, Esraíta Delaias, a acusação precisa ter “uma decisão que comprove esses fundamentos com base em fatos, documentos e testemunhas, e isso não tem”.