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Giuseppe Conte anuncia governo e encerra crise política na Itália

O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, confirmou ao presidente Sergio Mattarella que conseguiu formar um novo governo, fruto de uma aliança entre o populista Movimento 5 Estrelas (M5S) e o social-democrata Partido Democrático (PD).

Esse será o 66º governo em 73 anos de República na Itália.

Advogado e professor de direito, Conte não tem filiação partidária, mas é ligado ideologicamente ao M5S, que o alçou do anonimato ao cargo político mais cobiçado do país após as eleições do ano passado, quando a sigla obteve 32% dos votos. Como o resultado foi insuficiente para garantir maioria no Parlamento, o M5S formou uma aliança com a ultranacionalista Liga, do agora ex-ministro do Interior Matteo Salvini. Os dois partidos se recusaram a ceder o cargo de premier a seus respectivos líderes, então a solução foi buscar um nome alternativo e sem trajetória política: Giuseppe Conte, que agora governará em coalizão com a centro-esquerda.

A equipe – O novo governo aumenta de 18 para 21 o número de ministros, dos quais apenas três faziam parte da gestão anterior, incluindo o líder do M5S, Luigi Di Maio, que trocou a pasta do Trabalho e do Desenvolvimento Econômico pelo cobiçado Ministério das Relações Exteriores.

Di Maio também deixa de exercer o cargo de vice-premier, que foi abolido. Os outros ministros mantidos no governo são Sergio Costa (Meio Ambiente) e Alfonso Bonafede (Justiça). Já Riccardo Fraccaro deixou a pasta de Relações com o Parlamento para assumir a estratégica função de subsecretário da Presidência do Conselho dos Ministros (cargo semelhante ao chefe da Casa Civil no Brasil, mas sem status de ministro).

Dos 21 membros do gabinete, 10 são do M5S, e nove, do PD. Já Roberto Speranza, da aliança de esquerda Livres e Iguais (LeU), ficou com o Ministério da Saúde, enquanto a advogada Luciana Lamorgese, ex-chefe da província de Milão e tida como “técnica”, liderará a pasta do Interior no pós-Salvini.

Entre seus principais expoentes, o PD conseguiu emplacar Dario Franceschini no Ministério dos Bens Culturais, pasta que ele já chefiara entre 2014 e 2018, e Roberto Gualtieri, admirador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Ministério da Economia e das Finanças.

“Dedicaremos com essa equipe nossas melhores energias, nossas competências e nossa mais intensa paixão para tornar a Itália melhor no interesse de todos os cidadãos, de norte a sul”, disse Conte em pronunciamento à imprensa. Após sua posse, ele se dirigirá ao Parlamento para apresentar o programa de governo e pedir o voto de confiança da Câmara e do Senado.

“Há uma maioria parlamentar, e a palavra cabe agora ao Parlamento”, afirmou o presidente Mattarella. O novo governo deve contar com pouco mais de 50% dos assentos na Câmara e no Senado, mas os números só devem ficar claros durante o voto de confiança.

“É hora de mudar a Itália. Conseguimos parar Salvini, e apenas o anúncio dessa etapa já está fazendo a Itália voltar a ser protagonista na Europa”, comemorou o líder do PD, Nicola Zingaretti, também governador do Lazio.

Crise – A crise política na Itália começou após Salvini ter rompido a aliança de ocasião com o M5S, com o objetivo de capitalizar a liderança de seu partido, a ultranacionalista Liga, nas pesquisas e chegar ao cargo de primeiro-ministro.

O movimento antissistema, no entanto, abriu negociações com seu maior adversário político, o centro-esquerdista PD, e frustrou, ao menos por enquanto, o desejo de Salvini de realizar novas eleições.

“Um governo nascido entre Paris e Berlim e do medo de sair do poder, sem dignidade e sem ideais, com pessoas erradas nos lugares errados”, criticou o ex-ministro do Interior.

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