
O governo da premiê da Itália, Giorgia Meloni, aprovou uma proposta para conferir cidadania por “méritos especiais” a uma jornalista dos Estados Unidos alinhada ao presidente Donald Trump.
A iniciativa diz respeito a Maria Bartiromo, âncora de um programa de noticiário financeiro na emissora conservadora Fox News e descendente de italianos da Sicília e da Campânia.
“A senhora Bartiromo, ao longo de sua carreira de mais de 30 anos como jornalista, contribuiu de modo significativo para reforçar as relações entre Itália e Estados Unidos, mantendo um empenho constante junto às instituições italianas”, diz a proposta aprovada pelo Conselho de Ministros, que agora depende do aval do presidente da República, Sergio Mattarella.
Pelo lado paterno, Bartiromo é neta de um italiano que emigrou da Campânia, no sul do país, para os Estados Unidos na primeira metade do século 20, quando tinha 11 anos de idade. Já os avós maternos da jornalista são originários de Agrigento, na Sicília.
A âncora sempre adotou um tom simpático a Trump em sua cobertura e, segundo críticos, contribuiu para divulgar falsas alegações de fraude nas eleições de 2020, vencidas pelo democrata Joe Biden.
“O governo criou um novo canal de reconhecimento da cidadania: a amizade, a proximidade política”, criticou o deputado italiano Toni Ricciardi, do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda. “E tudo isso após ter aprovado uma péssima e injusta lei de reforma da cidadania que despedaçou as raízes dos italianos no exterior”, acrescentou.
A declaração faz referência a uma lei chancelada neste ano pelo governo Meloni para restringir a cidadaia por direito de sangue (“jus sanguinis”), que agora só pode ser transmitida por ascendentes de primeiro (mãe ou pai) ou segundo grau (avó ou avô) que sejam exclusivamente cidadãos italianos – ou tenham sido no momento da morte -, criando um limite geracional que antes não existia.
Apesar da mudança, Bartiromo ainda se enquadraria nas novas regras para ter a cidadania italiana reconhecida.