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Itália concede habeas corpus a brasileira acusada de matar filha

A brasileira que está sendo acusada pela morte da filha de dois anos na Itália começará a ser julgada em maio em liberdade, depois que a Justiça italiana lhe concedeu habeas corpus, após sete meses de prisão.

Simone Moreira, 23, foi presa no dia 5 de setembro do ano passado, quando o corpo da menina, Giuliana Favaro, foi encontrado no rio Monticano, na cidade de Oderzo, no norte da Itália.

Ela alegou ter deixado a filha sozinha por alguns minutos enquanto ia até o seu carro. Quando voltou, alega a brasileira, a filha já tinha caído no rio.

Nesta semana, Simone deixou a penitenciária de Belluno e está hospedada na casa de um casal de voluntários que trabalham com brasileiros que precisam de ajuda. Eles também vão hospedar a mãe dela, que está vindo do Brasil para estar ao lado da filha durante o processo.

"Se tivesse segurado Giuliana no colo aquela noite, ela agora estaria comigo. Me distraí e não me perdoo por isso. Não fui uma ótima mãe, mas não matei minha filha. Sou inocente", disse ela ao canal de televisão Antenna 3, ao sair da penitenciária.

Segundo testemunhas que viram Moreira deixar o presídio, ela estava muito abatida, magra e sob efeito de calmantes.

"Na cadeia eu queria morrer. Não podia viver condenada por uma coisa que não fiz. Queria ir encontrar minha filha Giuliana. Agora me sinto mais forte, quero lutar para vencer, vou demonstrar que sou inocente", afirmou ela.

Simone está sendo acusada de homicídio doloso, isto é, de ter tido intenção de matar. Porém, a defesa vai procurar convencer a Justiça de que a brasileira deve ser condenada por homicídio culposo, sem intenção.

"Nós defendemos que ela deve ser condenada por homicídio culposo, pois por negligência, distração ou indiferença, deixou a menina sozinha", disse à BBC Brasil o advogado da brasileira, Alvise Tommaseo Ponzetta.

Ele frisou que, "nesse processo, a senhora Moreira não poderá ser absolvida".

Caso a defesa seja bem-sucedida, a brasileira seria condenada a dois anos de detenção e ficaria em liberdade, já que, segundo a legislação italiana, penas de até três anos não são cumpridas na prisão.

Já se a acusação inicial de homicídio doloso for mantida, ela pode pegar até 30 anos de prisão.

Ponzetta considera positivo começar o processo – cuja primeira audiência esta marcada para o dia 18 de maio – com a ré em liberdade e não detida.

Segundo o advogado, Simone não pretende deixar a Itália e está disposta a enfrentar o processo que, na opinião dele será "longo e difícil".

"Ela quer ser absolvida pelo menos do crime mais grave", declarou o advogado, que se queixou da falta de colaboração das autoridades brasileiras para o custeio das despesas legais.

"Um dos dois advogados é pago pelo Estado italiano, quanto ao outro e aos peritos não se sabe quem vai pagar. As autoridades brasileiras deram apenas 100 euros (R$ 240) para Simone durante todos estes meses", reclamou.

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