
Itália e Brasil assinaram um acordo para fortalecer a cooperação bilateral no combate às organizações criminosas transnacionais.
A parceria, concretizada entre o procurador-geral nacional antimáfia da Itália, Giovanni Melillo, e a Procuradoria brasileira, prevê a criação de uma força-tarefa conjunta para investigações permanentes.
Esta aliança “é importante na mesma medida para as duas nações, porque temos problemas e desafios comuns para serem superados neste setor”, disse Melillo à agência Ansa durante sua participação no seminário “Mercados Ilícitos e Crime Organizado nas Américas”, organizado pela Universidade de São Paulo na capital paulista.
Segundo o procurador italiano, o mais importante no acordo “são os esforços diários na construção de sistemas investigativos que ajudem a compreender a realidade dos fenômenos e a coletar as evidências necessárias para demonstrar a responsabilidade de quem comete crimes”.
A parceria prevê o trabalho de magistrados e forças policiais dos dois países a fim de compartilhar informações de modo contínuo e sistêmico a respeito de atividades de grandes organizações criminosas entre Brasil e Itália.
“Já temos excelentes níveis de colaboração tanto com o Ministério Público Federal quanto com o Ministério Público Estadual de São Paulo e estamos aqui para fortalecer essas relações”, destacou Melillo.
A proposta decorre de uma investigação iniciada em 2023 sobre o tráfico de drogas para a Europa, conduzido entre a máfia da Calábria “Ndrangheta” e o Primeiro Comando da Capital (PCC), a organização criminosa mais poderosa do Brasil. No centro da investigação estava a figura do chefão italiano Vincenzo Pasquino, preso em São Paulo onde residia havia anos, sendo posteriormente extraditado. Foi o mafioso quem revelou os detalhes da aliança criminosa entre as duas organizações durante sua colaboração com a Justiça, iniciada a partir de sua detenção.
“O PCC é um componente importante na ameaça inscrita na dimensão transnacional do crime organizado e a ‘Ndrangheta’ é uma das organizações criminosas com maior vocação para expandir sua rede a nível internacional”, explicou a autoridade italiana.