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Itália lembra de vítimas da máfia com grandes manifestações

A Itália fez uma série de homenagens pelo Dia da Memória e do Compromisso de Lembrar as Vítimas Inocentes da Máfia, com manifestações públicas e uma mensagem oficial do presidente Sergio Mattarella.

O próprio mandatário foi alvo indireto das ações dos grupos mafiosos. Seu irmão, Piersanti, que era governador da região da Sicília, foi assassinado por membros da Cosa Nostra em janeiro de 1980.

“Memória é um compromisso. É honrar quem pagou com a vida pelo direito à dignidade do ser humano, opondo-se à desumanidade das máfias, à violência, à opressão contra a própria família, contra a comunidade em que se vive. Memória é uma chamada contra a indiferença para marcar que o medo se derrota com a afirmação da legalidade. Porque combater as máfias significa cumprir a promessa de liberdade na qual foi fundada a vida da República”, destacou Mattarella.

Segundo o presidente, “derrotar as máfias é possível” e isso pode ser comprovado pelos “resultados das ações sem pausa das forças policiais, da magistratura, da sociedade civil”.

“As máfias mudaram de pele, centros de negócios, modalidades organizacionais. Se insinuam nas atividades legais, e cada subavaliação pode abrir vácuos para a penetração criminosa. Instituições, forças econômicas e sociais, comunidades territoriais, pessoas sozinhas. Todos são chamados ao compromisso de combatê-la e derrotá-la em todos os espaços”, acrescentou.

Mattarella ainda destacou que os jovens “têm o direito de um futuro livre das agressões da criminalidade e que também são chamados a construir esse futuro juntos”.

Diversas cidades realizaram grandes manifestações públicas com crianças e jovens para lembrar de todos aqueles que morreram por ação dos mais diversos grupos mafiosos, sendo que as maiores ocorreram em Nápoles e em Turim.

Nesta última cidade, Maria Falcone, irmã do juiz Giovanni Falcone, morto pela Cosa Nostra em 1992 por conta da sua atuação nos processos contra os chefes mafiosos do grupo, também participou e alertou sobre os riscos permanentes desses criminosos.

“Giovanni dizia que a máfia muda conforme as exigências do momento, mas permanece sempre igual. Nesses anos, nós atravessamos momentos muito difíceis, como a Covid e agora a guerra na Ucrânia. E a atenção vai para essas emergências, mas não podemos esquecer da emergência da máfia. Ela está e ela existe e aproveitará esses momentos de fraqueza”, afirmou.

O procurador nacional antimáfia, Federico Cafiero de Raho, publicou uma mensagem e alertou que “as máfias explorarão as dificuldades do mercado e o próprio andamento da guerra para conquistar vantagens: de um lado sobre os produtos, do outro sobre as armas”.

“Pensemos nos preços e nos produtos que podem ser facilmente encontrados ou subtraídos do mercado para desenvolver a máxima especulação ou ainda a possibilidade de comprar armas através de percursos paralelos ilegais. A guerra na Ucrânia determinará perfis de operação da criminalidade organizada que, certamente, não respeitarão os canais bancários para ter lucros”, acrescentou.

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