
A Itália corre o risco de perder aproximadamente 20% de suas praias até 2050 e 40% até 2100, devido à elevação do nível do mar e aos riscos de erosão, inundações e pressão populacional e urbana.
O cenário consta no relatório “Paisagens Submersas”, da Sociedade Geográfica Italiana, apresentado nesta terça-feira (28). De acordo com o estudo, aproximadamente 800 mil pessoas poderão ser realocadas em função das mudanças costeiras.
Entre as regiões mais vulneráveis estão o norte do Adriático, partes da costa ao redor de Gargano, trechos do Tirreno entre Toscana e a Campânia, e as áreas de Cagliari e Oristano.
Metade da infraestrutura portuária do país, mais de 10% das terras agrícolas, além de pântanos, lagoas e as chamadas zonas costeiras “anfíbias” — como o Delta do Pó e a Lagoa de Veneza — também estão em risco.
O relatório destaca que a defesa costeira, hoje baseada em barreiras artificiais que protegem mais de um quarto das costas baixas, tem efeito limitado: elas aumentam a erosão e a vulnerabilidade, e seu custo tende a subir.
O turismo intensivo agrava a situação, com municípios costeiros oferecendo 57% dos leitos turísticos, enquanto o desenvolvimento desordenado prejudica ainda mais o litoral.
A salinização das terras agrícolas é outro problema crescente. No verão de 2023, a cunha de sal avançou mais de 20 km no Delta do Pó, ameaçando a agricultura e o fornecimento de água potável.
Além disso, áreas protegidas essenciais para a biodiversidade, que abrangem 10% do litoral e das águas italianas, muitas vezes carecem de planos de gestão adequados.
No geral, os portos e a infraestrutura relacionada se estendem por 2.250 km na Itália e correm o risco de serem severamente comprometidos, com sérios impactos na qualidade dos sistemas logísticos.
“É necessária uma reversão clara dessa tendência. As costas baixas — praias e áreas próximas — são, em grande parte, construídas ou paisagísticas artificiais”, explicou Claudio Cerreti, presidente da Sociedade Geográfica Italiana.
Segundo o especialista, “isso impede que a dinâmica natural se adapte a uma mudança estável no nível do mar – mas também a tempestades ou tsunamis”. Desta forma, “renaturalizar o máximo possível é uma solução potencial.”
O relatório também enfatiza a importância de prevenir catástrofes, oferecendo aos formuladores de políticas diretrizes equilibradas e possíveis medidas de mitigação.



