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Itália prevê alta em fluxos migratórios com crise no Afeganistão

O governo da Itália espera um aumento nos fluxos migratórios devido à reconquista do Afeganistão pelo Talibã.

A restauração do regime fundamentalista no país asiático deve provocar a fuga de milhares de afegãos, como já ficou claro nas cenas de desespero vistas no aeroporto internacional de Cabul, inclusive com pessoas se agarrando ao trem de pouso de aviões para conseguir escapar.

“Haverá um novo fluxo de migrantes afegãos que chegam pela rota balcânica, mas também pelo mar”, afirmou a ministra do Interior da Itália, Luciana Lamorgese, durante uma reunião de segurança pública em Palermo.

Já a vice-ministra das Relações Exteriores, Marina Sereni, disse que a Itália precisa “se preparar para um aumento no fluxo de deslocados do Afeganistão”. “Frente a uma situação tão difícil e dramática, temos uma dívida com a população afegã”, acrescentou.

Integrante da missão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a Itália manteve até junho passado uma base militar em Herat, cidade recém-conquistada pelo Talibã. A retirada da Otan do Afeganistão foi realizada paralelamente à saída das tropas americanas, mas a decisão é questionada dentro da Itália.

“Tenho grande respeito pelas escolhas da aliança, mas deixar o Afeganistão nas mãos dos talibãs é um erro histórico pelo qual arriscamos pagar caro”, afirmou o ex-premiê Matteo Renzi no fim da semana passada, ainda antes da queda de Cabul.

O governo italiano já começou a evacuar seu pessoal diplomático e cidadãos residentes no Afeganistão, além de afegãos que colaboravam com a missão.

“Tenho medo por quem trabalhou conosco e agora está para morrer, os talibãs os buscam casa por casa.

Deixamos milhares de pessoas que arriscam a vida, a situação é gravíssima”, disse um afegão ao desembarcar no Aeroporto Internacional Leonardo da Vinci, na província de Roma.

A Itália já vive uma alta no número de deslocados internacionais que chegam ao país via Mediterrâneo, com um total de 34.455 em 2021, crescimento de mais de 110% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Ministério do Interior.

Dos 10 principais países de origem, sete ficam na África: Tunísia (9.123), Egito (2.736), Costa do Marfim (2.301), Guiné (1.524), Eritreia (1.452), Sudão (1.349) e Marrocos (1.129). Mas também há três nações do continente asiático: Bangladesh (4.681), Irã (1.400), que faz fronteira com o Afeganistão, e Iraque (943).

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