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Justiça italiana pede autópsia do corpo de Eluana

A Justiça italiana pediu nesta terça-feira a autópsia do corpo de Eluana Englaro, morta na noite de segunda-feira após 17 anos em coma, em meio a uma polêmica sobre a eutanásia na Itália.

No sábado passado, os médicos da clínica Le Quiete, em Udine, suspenderam totalmente a alimentação e hidratação da paciente, que entrou em coma em 1992 depois de um acidente de carro.

 

O Procurador Geral da República, em Udine, Antonio Biancardi, se reuniu nesta terça-feira com investigadores, policiais, peritos e consultores para estudar o caso e ordenou a autópsia para descobrir as causas da morte.

 

A morte de Eluana, de 38 anos, pegou todos de surpresa, já que a expectativa era de que o processo se tornasse irreversível apenas depois de uma semana.

O exame de autópsia já estava previsto no protocolo terminal de Eluana, que assinalava cada etapa dos procedimentos médicos na paciente em vida e depois de sua morte.

Morte repentina

O corpo de Eluana permanece na clínica Le Quiete, em Udine, para onde o pai dela, Beppino Englaro, seguiria na manhã desta terça-feira.

Na véspera, ele estava em Lecco, defendendo-se em um tribunal no processo contra o pátrio-poder, em mais uma batalha jurídica no caso da filha.

Beppino Englaro defendeu o direito de morte da filha alegando que, antes de entrar em coma, ela havia expressado o desejo de não ser mantida viva artificialmente caso sofresse um acidente e ficasse em estado vegetativo.

O estado geral de Eluana Englaro antes de morrer divide os especialistas. Para alguns médicos, ela era muito frágil e pode ter sofrido uma parada cardíaca ou respiratória.

Para outros, entre eles o neurologista da paciente, Carlo Alerto Defanti, as condições gerais de saúde da mulher eram boas, fora a lesão cerebral.

Segundo fontes médicas, Eluana Englaro piorou no fim da tarde, de forma repentina. Sua alimentação e hidratação foram totalmente suspensas no sábado, a pedido da família.

As previsões de especialistas davam a Eluana um tempo de vida de entre dez e 21 dias após a suspensão total da terapia.

 

A morte ocorreu no momento em que o governo corria contra o tempo para aprovar uma lei que vetasse a suspensão do tratamento em pacientes sem a capacidade de se expressar.

O óbito foi anunciado durante a sessão do Senado, quando os parlamentares debatiam o texto do projeto de lei.

Nesta terça-feira, o Senado continua a debater se deve aprovar uma lei sobre testamento biológico – que já estava prevista – ou se continua a discussão sobre o projeto de lei que vetaria a suspensão do tratamento a pacientes em coma.

O projeto de lei foi apresentado depois que o presidente italiano, Giorgio Napolitano, vetou um decreto do primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, tentando impedir a morte de Eluana, por considerá-lo inconstitucional.

O caso dividiu os italianos. Durante a noite, houve uma vigília em frente à clínica em Udine. Ainda resistem à chuva no local alguns cartazes e faixas fixados em muros, contrários e a favor do pai Beppino Englaro.

A notícia também foi manchete dos jornais italianos nesta terça-feira, e também estão previstas manifestações partidárias em Roma. A oposição acusa Berlusconi de ter politizado o caso em benefício próprio.   

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