
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, falou sobre diversos assuntos espinhosos enfrentados atualmente pelo bloco e defendeu o acordo comercial com o Mercosul, além de propor sanções contra Israel.
Em discurso anual sobre o Estado da União Europeia (UE), a líder do bloco fez um balanço e apresentou projeções para o seu mandato, abordando temas internacionais, como as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, migração, economia, tarifaço e defesa da democracia.
Segundo Von der Leyen, diversificar os parceiros comerciais é imperativo para a Europa se tornar mais independente.
“Precisamos capitalizar novas oportunidades e, em um momento em que o sistema comercial global está enfraquecendo, vamos assegurar as regras comerciais por meio de acordos bilaterais, como os acordos com o México, com o Mercosul e os históricos que estamos firmando com a Índia até o fim do ano”, declarou.
Na semana passada, o poder Executivo da UE aprovou o texto do tratado de livre comércio para enviá-lo a todos os Estados-membros, juntamente com um documento adicional que estabelece proteções para produtores agropecuários do bloco, em meio aos temores sobre a concorrência com mercadorias mais baratas do Mercosul.
“Por muito tempo, o trabalho duro deles não foi recompensado como deveria. Os agricultores têm direito a um preço justo por seus alimentos e a um lucro justo para suas famílias”, acrescentou ela aos eurodeputados em Estrasburgo.
Para a líder do bloco, o comércio global permite a região fortalecer suas cadeias e suprimentos, além de abrir novos mercados e reduzir a dependência.
Von der Leyen destacou que o acordo tarifário com os Estados Unidos também “garante estabilidade fundamental” em suas relações com o governo de Donald Trump “em um momento de grave insegurança global”.
“Há dois imperativos para a busca da independência europeia. O primeiro é redobrar nossos esforços em diversificação e parcerias. 80% do nosso comércio é com outros países além dos Estados Unidos. Portanto, precisamos aproveitar essas novas oportunidades”, disse.
Para a mandatária, “o segundo imperativo é que a UE intervenha onde outros recuaram”. “O mundo quer escolher a Europa. E precisamos fazer negócios com o mundo”.
Sobre a guerra na Faixa de Gaza, a chefe do poder executivo europeu criticou Israel por usar a fome como uma arma de guerra e afirmou que pedirá ao Conselho Europeu para impor sanções contra “ministros israelenses extremistas e colonos violentos”.
“O que está acontecendo em Gaza abalou a consciência do mundo. Pessoas mortas enquanto imploravam por comida. Mães segurando bebês sem vida. Essas imagens são simplesmente catastróficas. A fome provocada pelo homem nunca pode ser uma arma de guerra”, declarou.
Além disso, explicou que vai propor a suspensão parcial do acordo comercial com Israel por causa da guerra no enclave palestino. Segundo ela, a Comissão fará “tudo o que estiver ao alcance” para retirar o apoio bilateral a Israel, sem, contudo, prejudicar setores da sociedade civil.
Por outro lado, Von der Leyen reforçou que “nunca haverá lugar para o Hamas, nem agora nem no futuro” e lembrou que “os reféns estão sendo mantidos em cativeiro por terroristas há mais de 700 dias, desde 7 de outubro”. “São 700 dias de dor e sofrimento”.