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Líderes do “G20” estão em Londres e Berlusconi irá propor “estabilidade” entre os países

Os dirigentes do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países mais ricos e os principais emergentes) buscam uma postura comum para sair da crise, mas cada um deles tem suas prioridades.

 

As posturas variam desde o estímulo econômico proposto por Barack Obama até a regulação financeira exigida pela Europa e a ajuda aos mais pobres pedida pelas nações em desenvolvimento.

 

ITÁLIA – O primeiro-ministro Silvio Berlusconi proporá em Londres conjugar em uma associação "mais estruturada e estável" os países industrializados do Grupo dos Oito (G8, as sete nações mais ricas e a Rússia) com as economias do Grupo dos Cinco (G5, China, Índia, Brasil, México e África do Sul) e o Egito, representando o mundo árabe, muçulmano e africano.

 

BRASIL – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrará o pragmatismo econômico que demonstrou desde que chegou ao poder, em 2003, aliando programas governamentais para reduzir as diferenças sociais no Brasil com políticas econômicas ortodoxas, que favorecem banqueiros e empresários.

Lula insiste que as soluções para a crise devem partir das nações desenvolvidas, onde tudo começou, e adverte contra o protecionismo.

 

EUA – Barack Obama receberá na reunião seu batismo de fogo em cúpulas internacionais.

O presidente americano tentará convencer os europeus a adotar planos de estímulo semelhantes ao americano, avaliado em US$ 787 bilhões, proposta à qual eles se opuseram até agora.

Obama afirma que fomentar o consumo é a prioridade, embora também se declare disposto a defender a reforma dos mercados.

Ele também chega com uma mensagem de defesa do comércio, embora enfrente críticas pelo fato de o país ter aprovado a cláusula protecionista Buy American e cancelado um programa para o tráfego de caminhões mexicanos.

 

R.UNIDO – O primeiro-ministro do Reino Unido, o trabalhista Gordon Brown, se empenhou para que a cúpula fosse bem-sucedida. Para isso, viajou aos Estados Unidos e à América Latina e fez discursos no Parlamento Europeu para destacar a importância de um "novo acordo global" para sair da crise.

A reunião também pode significar sua salvação política, pois o Reino Unido realiza eleições em 2010 e as pesquisas o colocam atrás do conservador David Cameron.

 

ALEMANHA – A chanceler alemã Angela Merkel defenderá com perseverança na cúpula, junto com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a postura europeia de "não" a novas aplicações de dinheiro público para estimular a economia, e "sim" à regulação dos mercados financeiros.

Merkel diz que os europeus já adotaram planos de estímulo, mas que "eles não podem substituir a regulação". Ela também prioriza a eliminação dos paraísos fiscais.

 

FRANÇA – O presidente Nicolas Sarkozy defende a regulação dos mercados antes de adotar novos planos de estímulo.

A França já tem um plano de investimentos em infraestrutura e apoio a setores industriais estratégicos, como o automotivo – qualificado de protecionista-, e Sarkozy é o dirigente mais pressionado por seus cidadãos, pois já enfrentou duas greves gerais em 2009.

 

CHINA – O presidente da China, Hu Jintao, dirá em Londres que a melhor contribuição que a potência pode fazer para sair da crise é conseguir o crescimento de 8% que previu para este ano.

Hu, que chegou ao poder em 2003, defenderá que os países pobres recebam mais ajuda, especialmente os da África, de onde a China adquire boa parte de seu petróleo e recursos.

 

JAPÃO – O primeiro-ministro japonês, Taro Aso, que vai a Londres em plena crise de popularidade, apresentará aos seus parceiros medidas de estímulo superiores a US$ 104 bilhões, equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

 

RÚSSIA – O presidente russo, Dmitri Medvedev, aproveitará a reunião de Londres para manter seu primeiro encontro bilateral com o novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

Na cúpula, ele proporá a criação de uma divisa de reserva supranacional e um papel fortalecido para o FMI e outros organismos internacionais.

 

ESPANHA – O presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, foi convidado para a cúpula, assim como à reunião de Washington em novembro do ano passado, já que a Espanha não faz parte do G20.

Zapatero pedirá aos demais países que sigam as rígidas normas que regem seu sistema financeiro e que protegeram os bancos espanhóis da tempestade que assolou outros países.

 

MÉXICO – Do presidente do México, Felipe Calderón, espera-se uma firme advertência contra as medidas protecionistas, depois que o Congresso dos Estados Unidos cancelou um programa-piloto para a circulação de caminhões mexicanos por território americano.

Muito dependente do mercado dos EUA, o México está à beira da recessão.

 

ÍNDIA – A Índia vai ao G20 representada por seu primeiro ministro, Manmohan Singh, o artífice das reformas liberalizantes aplicadas desde a década de 1990, quando era ministro das Finanças.

 

COREIA DO SUL – O presidente sul-coreano, Lee Myung-Bak, vai a Londres respaldado por sua experiência em superar a crise asiática de 1997, e espera fechar definitivamente durante a cúpula um acordo comercial com a UE, que enviará uma mensagem contra o protecionismo e a favor da abertura dos mercados.

 

UNIÃO EUROPEIA – O presidente da Comissão Europeia (CE, órgão executivo da União Europeia), José Manuel Durão Barroso, representa em Londres os 27 países-membros da UE, cujo modelo de proteção social defenderá com firmeza.

Junto com Sarkozy e Merkel, Barroso defenderá uma maior regulação das finanças internacionais.

 

ARGENTINA – A presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, defenderá uma reforma das instituições internacionais de crédito, às quais critica por sua "desorientação e falta de respostas".

Ela insiste, assim como os demais dirigentes latino-americanos, em que o protecionismo não é a solução, apesar de a Argentina ter adotado medidas para restringir a importação de 200 produtos. Cristina defende também a supressão dos paraísos fiscais.

 

HOLANDA – O primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende, é partidário, como França e Alemanha, da forte regulação e controle do setor financeiro.

Seu país prevê uma retração de 3,5% em sua economia este ano. Holanda e Espanha foram convidadas à cúpula, apesar não serem membros do G20.

AUSTRÁLIA – O primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, proporá em Londres que a China desempenhe um papel mais relevante em um FMI com maiores competências.

 

INDONÉSIA – O presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, pedirá aos países industrializados e aos organismos internacionais do G20 que "apoiem financeiramente" as nações em desenvolvimento, através de um "fundo global de apoio aos gastos".

 

ÁFRICA DO SUL – O presidente da África do Sul, Kgalema Motlathe, o único representante africano na Cúpula do G20, defenderá mais investimentos para ajudar o continente a sair de uma crise que não provocou.

 

TURQUIA – O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, proporá em Londres a criação de um fundo comum, avaliado em entre US$ 500 bilhões e US$ 1 trilhão, para impulsionar a economia mundial.

 

ARÁBIA SAUDITA – O rei da Arábia Saudita, Abdala bin Abdel Aziz, participa de sua primeira Cúpula do G20. O país, maior produtor mundial de petróleo e um dos principais contribuintes do FMI, terá este ano um forte déficit devido à queda dos preços internacionais da commodity.

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